Após 30 anos de espera, estação de metrô no Rio deve ser entregue

Após 30 anos de espera, estação de metrô no Rio deve ser entregue no final do mês

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:03
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‘Atenção, senhores passageiros. Próxima parada: Uruguai. Estação final. Desembarque pelo lado esquerdo." Após 30 anos de espera, finalmente os trens chegarão à estação Uruguai do metrô, cuja inauguração está prevista para a segunda quinzena deste mês. Moradores e comerciantes da região da Muda e da Usina contam como a novidade influenciará suas vidas.
 
O advogado Carlos dos Santos, de 73 anos, morador da Rua Uruguai próximo à Homem de Mello, afirma que aguardou 30 anos pela abertura da estação. Ele se lembra quando, na entrega das estações Afonso Pena, São Francisco Xavier e Saens Peña, em 1982, o então presidente, João Figueiredo, no discurso de inauguração, prometeu que a linha seria estendida até a Rua Uruguai a partir do ano seguinte.
 
— Não sei por que a ideia não foi para a frente. Acabou caindo no esquecimento — diz, relembrando um fato curioso. — O projeto na época visava à extensão até a esquina da Rua Uruguai com a Conde de Bonfim. A realidade é que ela hoje só foi até a Itacuruçá. Até entendo, pois já havia uma escavação da Saens Peña até ali, chamada de Rabicho da Tijuca, onde os trens eram guardados. Se fosse até a Uruguai seriam gastos mais alguns milhões com escavações e desapropriações. Mas está de ótimo tamanho — diz.
 
Colecionador de tudo o que remeta ao Rio Antigo e à Tijuca, Santos tem até hoje panfletos, bilhetes e carteiras do metrô daquela época.
 
— Eu morava na Rua Henry Ford, a poucos metros da Saens Peña. Foram cerca de cinco anos de obras e muitos transtornos. O governo distribuiu panfletos informativos, e bilhetes e carteirinhas para os moradores da região pegarem conduções gratuitamente, como uma maneira de ressarcir os prejuízos causados pelas obras. Aqui não houve isso, mas o transtorno daquela época nem se compara com o atual. A tecnologia e os tempos são outros — relembra.
Os tijucanos da nova geração também sentirão o prazer de ver o nascimento de uma nova estação. É o caso do despachante Paulo Roberto Júnior, morador da Dona Delfina, e do engenheiro Robson Fontinele, que reside na Conde de Bonfim, na esquina com a Marechal Trompowsky, na Muda. Ambos com 27 anos, usam os serviços do metrô diariamente para irem ao trabalho. Eles afirmam que a novidade caiu como uma luva.
— Acho que esse fato é histórico para a cidade e para o bairro, como na inauguração em 1982. Para nós, haverá economia de tempo e dinheiro. Além de mais conforto. Hoje, temos de pegar uma integração até a Saens Peña, o que custa mais caro. O trânsito na Conde de Bonfim está muito ruim. Demoramos quase 15 minutos nesse trajeto. Com a estação, desembarcarei na porta de casa — comemora Júnior.
 
Já Fontinele andará cerca de 500 metros. Uma desafogo para quem estava caminhando quase dois quilômetros.
 
— Está ótimo. Saí ganhando. Devido ao tráfego congestionado, tenho feito a pé o trecho entre a Saens Peña e minha casa. Acho que todos os moradores da região da Muda estão contentes com a nova estação Uruguai — diz.
A comerciante Rosa Castro comemora a novidade, mas com um pé atrás. Ela acha que, com o aumento do movimento, sua loja de roupas poderá sair lucrando. Porém, faz um apelo aos órgãos públicos: que deem mais atenção à região.
— Na Saens Peña vejo muitos guardas municipais coibindo o comércio de ambulantes e os trombadinhas. Espero que eles não esqueçam as imediações da Rua Uruguai. Quando o fluxo de pessoas aumenta, é preciso ficar atento para que também não vire uma bagunça — cobra.
 
Tatuzão dispensado das obras
A quarta estação da Tijuca, assim como disse Carlos Santos no começo da reportagem, foi construída onde era o chamado Rabicho da Tijuca, uma área escavada de cerca de um quilômetro entre a Saens Peña e a Rua Itacuruçá, onde os trens ficavam guardados. Devido a isso, o famoso “tatuzão” não precisou ser usado.
 
— Sem dúvida, aproveitar o trecho já escavado adiantou e ajudou muito nas obras. Ganhamos tempo e dinheiro — diz Joubert Flores, diretor de engenharia do metrô.
O Rabicho tem dois andares: embaixo ficará a plataforma; na parte superior, onde funcionava um estacionamento para carros, uma área permaneerá como espaço para vagas, coordenado por uma empresa terceirizada que ainda está em processo de licenciamento; e na outra serão construídos 200 metros de mezanino.
O empreendimento, que custou cerca de R$ 260 milhões aos cofres públicos, ocupa área total de sete mil metros quadrados. A plataforma tem 300 metros de extensão. São cinco acessos: um na Rua Dona Delfina, e dois na Itacuruçá e na Conde de Bonfim, próximos à Visconde de Cabo Frio.
 
Os passageiros utilizarão dez escadas rolantes e seis elevadores (quatro no nível rua/mezanino e dois no nível mezanino/plataforma, sendo estes exclusivos para pessoas com deficiência). Deficientes visuais contarão com piso podotáctil em toda a estação.
 
— Tivemos uma grande preocupação com a questão da acessibilidade — assegura o diretor de engenharia.
Depois de quase quatro anos de obras (iniciadas no primeiro semestre de 2010), a estação havia sido prometida apenas para dezembro de 2014, mas o trabalho foi intensificado para atender à demanda gerada pela Copa do Mundo, a ser realizada nos meses de junho e julho.
 
— As obras físicas estão concluídas desde fevereiro. Só estamos fazendo os retoques finais e alguns testes operacionais para enfim entregar a estação à população carioca, principalmente aos tijucanos, que estão ansiosos para essa inauguração — explica Flores.
 
A nova linha é também uma aliada da sustentabilidade: quando estiver em funcionamento, a estação vai propiciar uma redução de 46% na quilometragem percorrida pelos ônibus de integração (de 132 mil quilômetros/mês para 71 mil quilômetros/mês), gerando uma diminuição na emissão de gás carbônico na região.
 
 

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