Clientes da Unimed deixam de ser atendidos em hospitais de SP

Problemas com pagamento fizeram com que plano perdesse centros médicos. Pacientes tiveram que recorrer à Justiça para manter o atendimento.

Fonte: Globo.comAtualizado: sexta-feira, 12 de dezembro de 2014 às 13:25
Clientes da Unimed deixam de ser atendidos em hospitais de SP
Clientes da Unimed deixam de ser atendidos em hospitais de SP

Clientes da Unimed deixam de ser atendidos em hospitais de SPClientes da Unimed Paulistana ficaram sem atendimento porque o plano está perdendo hospitais importantes por falta de pagamento. Pacientes que já estão em tratamento são obrigados a procurar outros centros médicos ou procurar a Justiça.

Cerca de 2 mil segurados que se tratavam no Hospital AC Camargo, um centro de referência em câncer, deixaram de ser atendidos lá. Segundo a direção, a empresa parou de pagar pelo tratamento dos seus clientes e, por isso, foi possível manter somente quem passava por quimioterapia e radioterapia.

Para manter o atendimento, alguns pacientes tiveram que recorrer à Justiça. Marina, de 1 ano, tinha um câncer raro no olho que se espalha rápido. Os exames e a cirurgia foram marcados com urgência, mas, poucos dias antes, a mãe foi avisada de que o hospital não atendia mais o seu plano de saúde. “Quando me ligaram e disseram isso, falei: ‘Meu Deus, o que farei agora? Minha filha está com uma doença grave’”, disse a auxiliar de enfermagem Ana Cristina dos Santos.

Ela teve de contratar uma advogada e conseguiu na Justiça o direito de fazer a cirurgia, e agora precisa continuar o tratamento da filha. “O juiz despachou e deu que se a Unimed não cumprisse com o tratamento da Marina até o fim, pela gravidade da doença, eles pagariam R$ 10 mil por dia de multa.”

Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar, a ANS, que regula os planos de saúde, quando um hospital pede para ser descredenciado por falta de pagamento, a operadora apenas precisa garantir atendimento em outra unidade. E os clientes também precisam ser  avisados imediatamente.

Não foi o que aconteceu com o aposentado Henrique Donatelli. “O hospital veio me comunicar, a Unimed não falou nada.” Uma parente dele está internada há 7 meses no Hospital Bandeirantes, por consequência de uma diverticulite. Ele recebeu a notícia de que seria preciso transferir a paciente porque o hospital não atenderia mais a Unimed Paulistana.

O aposentado chegou a receber faturas no valor total de R$ 190 mil caso quisesse que a mulher permanecesse no hospital. “Ela está com o abdômen aberto, bolsa de colonoscopia, na UTI. Não dá simplesmente para transferir.”

A alternativa também foi entrar na Justiça. A juíza primeiro determinou que a operadora pagasse todas as despesas e mantivesse a paciente no Bandeirantes. Na quinta-feira (11), outra liminar pediu que ela seja transferida. A advogada da família tenta mudar essa decisão.

Os hospitais Bandeirantes e AC Camargo confirmaram que encerraram contrato com a Unimed Paulistana por problemas de pagamento, mas disseram que estão prestando assistência aos pacientes, e providenciando remoções.

A Unimed Paulistana respondeu que negociações entre operadoras e hospitais são comuns e que esses processos são comunicados à ANS e aos clientes. Segundo a operadora, a rede credenciada é capaz de absorver os atendimentos, e a menina Marina tem outros prestadores de serviço à disposição. Sobre a parente do aposentado Henrique, a empresa disse que um médico atestou a possibilidade de remoção da UTI sem risco.

A ANS informou que a Unimed Paulistana está sob intervenção da agência. Ela acrescentou que há hoje 26 planos com as vendas suspensas por causa do excesso de queixas dos clientes.

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