Em Goiás, família denuncia morte de gêmeos por falta de UTI

Fonte: Globo.comAtualizado: terça-feira, 29 de julho de 2014 às 11:25
Bebês tinham chances de sobreviver, diz enfermeiro
Bebês tinham chances de sobreviver, diz enfermeiro

Bebês tinham chances de sobreviver, diz enfermeiroUm casal de bebês gêmeos morreu dez horas após o parto em Pirenópolis, a 121 km de Goiânia. A família afirma que eles não conseguiram vagas em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal para as crianças, que nasceram prematuras aos sete meses de gestação.

Segundo o enfermeiro que acompanhou o parto, as crianças tinham chances de sobreviver se tivessem conseguido a transferência. "Tinham grandes chances, um deles nasceu com 2 kg e o outro com 1,920 kg. Eles nasceram até bem, com situação boa, com os batimentos bons. Mas com o decorrer [do tempo] foi abaixando" afirma o enfermeiro Daniel Gonçalves Ferreira.
Segundo os pais, o drama da gestante começou no sábado (26), quando ela sentiu fortes dores, e a família pediu ajuda do Corpo de Bombeiros para levar a mulher a um hospital em Anápolis, a 63 km de Pirenópolis, mas afirma que não conseguiu o serviço.

"Procuramos o serviço de bombeiros e eles disseram que, dentro do carro em que ela [a gestante estava, ela estava bem mais confortável e que não adiantiaria eles trazerem, sendo que eu disse que ela já estava sangrando, passando muito mal, sentindo muita dor. E ele falou que não adiantiaria eles trazerem porque aqui só atende emergência", afirma o pai dos bebês, Daniel Tomás de Almeida.

Com medo de fazer a viagem até a cidade vizinha de carro, o pai dos bebês optou por levar Cláudia ao Hospital Estadual Ernestina Lopes Jaime, em Pirenópolis. A esperança dele era conseguir uma ambulância, mas a mulher já estava em trabalho de parto e os bebês nasceram.

Por serem prematuras, as crianças precisavam ser transferidas para uma UTI neonatal em outra unidade de saúde. Funcionários do hospital e familiares afirmam que buscaram vagas, mas não encontraram em Anápolis, nem em Goiânia. Dez horas após o parto, os bebês não resistiram e morreram.

"Precisava de aparelho pra respirar, infelizmente Pirenópolis não tem estrutura para receber recém-nascido, principalmente nesse estado que eles nasceram", lamenta a avó dos bebês Neliana Tomás de Almeida.

Segundo o Corpo de Bombeiros, a corporação não negou atendimento e o pai dos bebês foi quem optou por levar a mulher até o hospital no próprio carro porque o transporte com os bombeiros não poderia ser feito direto para Anápolis ou Goiânia.
A Secretaria Estadual de Saúde disse que as vagas em UTI neonotal só surgiram 15 horas depois do pedido, em Aparecida de Goiânia, mas as crianças já tinham morrido. A secretaria afirma ainda que nesta semana devem ser inaugurados dez novos leitos em UTI neonatal em Goiânia.

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