O profeta, o poeta, o pateta

O pateta-profeta quer púlpitos, palanques, palcos, altares…

Fonte: guiame.com.brAtualizado: quinta-feira, 18 de setembro de 2014 às 14:45
palhaço
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palhaçoExiste profecia que de tão bela, parece poética. Há também a poesia profética. Porém, ambas podem ser patéticas.

Todo profeta conhece bem Deus e seu povo. A denúncia do profeta baseia-se na realidade.

Todo poeta transvê o rumo do mundo. Sua poesia é cíclica e nunca redundante. Ninguém fala o óbvio, exceto os patetas. Nunca os profetas, nem mesmo os poetas!

Todo pateta é patético!

Já conheci patetas-profetas, poetas-patetas e patético-patetas.

E por favor, não confundam patetas com palhaços. Patetas são tolos, palhaços engraçados.

O pateta é sempre parvo. O palhaço é intencionado em divertir. O pateta é sem graça. Repito: o pateta-profeta é sem Graça!

O pateta é sempre apoucado. Pode falar um bocado que o discurso continua insignificante.

Não raro, patetas ocupam o lugar dos profetas ou dos poetas. Só que continua sendo pateta. Agora, disseminando profecias ou poesias – patéticas.

Patetas não possuem identidade. Geralmente, se acham naquilo que pensam que sabem.

A poesia de um poeta é irreconhecível para o pateta-poeta. Este mesmo pateta-profeta é incapaz de discernir a profecia do genuíno profeta.

O patético suscita entre a piedade, a dó ou a tristeza. A indolência, impossibilita o pateta de perceber o tom da verdade.

O profeta ecoa sussurros e gemidos. Porque profeta ouve e (ch)ora.

O poeta canta verbos e (or)ações. Sua conjugação é (e)terna.

O pateta logra falácias pomposas de grande porte e zote.

Diferente do profeta, baseado na realidade; ou do poeta, capaz de transver; o pateta não tem noção. Nem do sim, nem do não. Nem do certo, nem do errado.

Para o pateta, tudo tanto faz. Faz “profecia” naquilo que acha que é. Faz “poesia” e nada onde não dá pé. Em se tratando de profundidade, o pateta boia no raso.

O pateta que vive fantasiado no profeta é apático. O pateta que sucumbe o poeta é antipático.

A “profecia” proferida pelo pateta-profeta é sempre bem vista.

O pateta-profeta quer púlpitos, palanques, palcos, altares…

A “poesia” declamada pelo pateta-poeta rimará com um léxico redundante.

O pateta-poeta conhece as sílabas que estão em voga. Lidera saraus! Nele o eu lírico é inabitável. Lá mora um agudo querendo sucesso. E isso é grave!

No pateta-profeta ocupa a espiritualidade mórbida. Vocabulário religioso, experiência cósmica, postura sacerdotal. Escapismo cultural. Ele ama liderar, profetar, intervir… Odeia servir.

Não havendo profecia, o povo se corrompe – Disse o Rei Salomão.

Assimilação hipotética: em tempos de crise poética, falta Amor, Moral, Ética…

Por isso arrisco: os patetas são um risco!

Que os profetas escrevam!

Que os poetas rabisquem!

Urgente gente: Identifiquem os patetas!

 

– Vinnícius Almeida

 

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