Educação teológica - parte 2

Educação teológica - parte 2

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:29

A Educação Teológica deve oferecer oportunidades para a prática ministerial

A Educação Teológica, como toda educação deve esmerar-se para oferecer uma prática que justifique a busca do conhecimento. Ela não deve restringir seu conteúdo a conceituações e codificação do saber. Primeiro porque devemos compreender o mundo e o contexto onde estamos inseridos. O conhecimento só tem valor, se for capaz de fazer a interação do homem com seu habitat e com o seu contexto social. Segundo pelo prazer de entender a Verdade para fazê-la entendida num 'modus vivend' de cada um.

A elaboração do currículo das escolas teológicas não deve se concentrar numa proposta academicista, explorando apenas o poder de raciocínio dos seus alunos. Se sua missão é preparar obreiros para servir a Igreja e as comunidades, e a apresentar o Evangelho de Cristo, como a mensagem para as necessidades do homem todo e para todo o homem, ela deve oportunizar experiências reais, para que  seus alunos tenham contatos com as várias classes sociais e sintam a carência dos indivíduos a quem a mensagem deve alcançar.

O que constatamos nos nossos modelos, na sua maioria, é a preocupação exacerbada com a oratória e a prática do sermão. Atestamos que pregar bem, é uma exigência legal para quem é vocacionado para o ministério sagrado. Porém, a Igreja precisa de ministérios diversificados e não apenas de bons pregadores. Para realizar sua missão, ela deve estar presente em todos os segmentos da sociedade. Em um país em desenvolvimento como o nosso, há uma premente necessidade de ministros que saibam falar não apenas as mentes privilegiadas, mas aos corações sofridos aos que precisam ver não apenas ouvir, a veracidade da mensagem, que deve ser expressa em atitudes de amor e de solidariedade.

Se o aluno de teologia não é treinado a ver as formas em que a mensagem do evangelho toma forma, sua prédica nunca terá a forma da cruz e sua vida nunca experimentará a encarnação da mensagem. Somos seguidores do Cristo, o Verbo eterno, que se encarnou tornando-se servo para todos aqueles que necessitam da expressão da sua vida nas mais variadas formas de vida. Se as Faculdades seculares elaboram estágios deste o primeiro ano do curso e as empresas em parceria recebem os estudantes para prepará-los melhor para o mercado, é porque descobriram a antiga regra da Pedagogia: " Só podemos dizer que houve aprendizado, quando o aluno é capaz de praticar o conceito ou a regra aprendida. Só se aprende fazendo."

Na Educação Teológica não pode ser diferente porque o nosso trabalho alcança a vida humana em todas as suas expressões.

"Toda teologia é essencialmente prática. A teologia é prática no sentido de  que ela se ocupa, em todas as suas expressões, das questões mais básicas da existência humana. A Teologia é prática porque pensa e elabora a fé em sua relação com a vida."  7

Preparar ministros que sirvam às igrejas

Recebemos os alunos da igreja e não podemos prepará-los bem sem manter o elo com a igreja. Sabemos que o vocacionado vem da igreja onde ele recebeu o seu chamamento e que após o tempo de preparação voltará para servir junto a sua comunidade, pelo menos deve ser essa proposta. Sabemos que nem sempre é assim, porque há líderes que não acompanham a vida de seus vocacionados. Por trabalhar em um seminário interdenominacional, recebemos alunos de igrejas históricas, os quais não têm nenhuma perspectiva de ministério junto à denominação, outros de igrejas independentes que não têm sequer apoio da liderança para estar estudando. Se a liderança não é formada porque há necessidade de receber formação para dirigir igreja? Os que vêm de igrejas pentecostais, raramente têm apoio. Na verdade a realidade é muito complexa. Vivemos um momento histórico em que definir a linha teológica, liturgia e a formação dos obreiros da igreja evangélica é muito complicado. Não podemos definir a postura do líder pela denominação que ele professa.

Mas, uma coisa é verdadeira, nenhuma faculdade ou seminário, deve esquecer que o produto do seu trabalho é oferecer a igreja o obreiro capacitado para toda boa obra. Porque é isso que se espera de alguém que dedicou quatro ou cinco anos de sua vida preparando-se para a obra do ministério.

Por que algumas denominações se decepcionaram com suas instituições de ensino? Por que receberam os vocacionados mais descrentes da Bíblia do que quando foram enviados, mais conhecedores dos pensadores modernos do que dos pais da Igreja. E alguns deles não puderam se inserir nas atividades eclesiásticas. Por que outras denominações chegaram a proibir seus vocacionados de frequentar uma escola teológica? Porque tinham medo de perdê-los para o mundo do conhecimento. é mister que as instituições de ensino se posicionem como parceiras das igrejas na formação dos seus vocacionados. Receber uma carta de recomendação é muito pouco para uma tarefa tão importante.

Por outro lado, a igreja deve assumir sua parte na parceria, acompanhando o desenvolvimento espiritual, prático e acadêmico de seus membros. Ouvi de um pastor, que sua denominação programou a abertura de 200 novas igrejas dentro de um ano. Porém, se comentou: Como abrir trabalhos pioneiros se o seminário está preparando para o púlpito e não para o campo? Uma educação teológica de qualidade deve preparar o vocacionado para servir a igreja em todos os seus programas e projetos no cumprimento de sua missão integral.

Para trabalhar com esses princípios, a Educação Teológica deve cumprir sua missão de educar com uma visão integral do indivíduo e do ministério, a fim de que possamos formar líderes:

Com a mente de um teólogo - capaz de pensar teologicamente para expor a Verdade divina com profundidade, clareza e precisão.

Com o coração de um místico - experimentado na vida devocional, no campo da espiritualidade e da relação com Deus. Diplomado nas disciplinas espirituais.

Com a coragem de um desbravador - treinado na prática, ousado como foram os pioneiros que ultrapassaram as fronteiras, prontos a qualquer tipo de tarefa que objetiva a expansão do Reino eterno.

Com a humildade de um santo - capaz de conviver com pessoas de diferentes níveis de educação, cultura, divergentes pontos doutrinários e distintas formas de dons. Tratado na personalidade e trabalhado nas emoções, fortalecido com a superabundante graça de Deus.

Temos diante de nós o grande desafio de aperfeiçoar o nosso programa de Educação Teológica para alcançarmos este perfil de ministros tão necessário para a Igreja e para a sociedade.

Bibliogradia:

1.Mizukami, Maria da Graça - Ensino:As abordagens do processo. Ed. E.P.U. 1986

2.MacArthur, John, Jr. Redescobrindo o ministério pastoral.Ed. CPAD. 1999. P. 235

3.Stott, John. Cristianismo autêntico. Ed. Vida. 2001, p. 88

4.MacArthur, John, Jr. Redescobrindo o ministério pastoral.Ed. CPAD. 1999. P.32

5.Bolt, Martin e Myers, David. Interação Humana. São Paulo: Ed. Vida Nova, 1989

6.Clinton. J. Robert - Etapas na vida de um líder. p. 49 Editora Descoberta - Londrina - 2000

7.Rosa, R.S. O que é teologia prática? Notas introdutórias. In Simpósio, n. 36 São Paulo, ASTE, 1993, p. 7

Durvalina Barreto Bezerra é teóloga pelo Seminário Betel. Missióloga pelo Centro de Treinamento da WEC-AMEM, na Austrália. Pedagoga formada pela Universidade Federal da Bahia. Mestre em Educação pela Universidade Mackenzie. Vice-presidente da AME - Associação Missão Esperança, integrante da diretoria da Missão Antioquia. Diretora do Seminário Betel Brasileiro em São Paulo e Coordenadora Geral do Ensino do Instituto Bíblico Betel Brasileiro. Professora nos Centros de Preparo Missionário da Missão Juvep - Juventude Evangélica Paraibana, Missão Priscila e Áquila e Jami - Junta Administrativa de Missões. Conferencista internacional.

Seminário Teológico do Betel Brasileiro

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www.betelbrasileiro.com.br

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