Noé e sua família deveriam conviver da melhor forma dentro da arca, uma vez que eles não poderiam sair dali, nem mesmo sabiam quando essa saída se daria. Aquela “quarentena” poderia durar meses, anos... Então, a melhor forma de convivência era mantendo os relacionamentos familiares maduros e sinceros.
Todos nós temos um comportamento similar, que é o de nos acostumar com coisas que não têm mais serventia pelo tempo que passa. Quando colocamos um objeto no ‘quartinho da bagunça’, por exemplo, nos acomodamos com aquilo, não é? Chega uma hora que nem mesmo sabemos há quanto tempo aquilo está ali, parado, só ocupando espaço.
Acabamos convivendo com aquilo que deveria ser lançado fora, porque não nos serve mais. Da mesma forma, armazenamos coisas dentro de nós, como saudades, decepções, traições, mágoas antigas que não percebemos, mais que foram se transformando em outros sentimentos. E isso pode respingar em nossos relacionamentos.
Imagine-se dentro da arca. Ali poderia ser um grande depósito de coisas esquecidas, que poderiam, inicialmente, estorvar, mas depois seriam parte da arca e da vida de cada um. Mas isso só aconteceria se seus ocupantes permitissem. Esse é o ponto! Precisamos tomar atitudes de rever e reavaliar coisas que não nos servem. E pior: que ajudam a estragar os nossos relacionamentos.
Enquanto escrevo, estou em meu escritório vendo o espelho do banheiro que acabei de reformar. Após a reforma, pedi que colocassem o mesmo espelho, porque para mim o antigo azulejo estava intacto. Mas quando ele foi descoberto, vi que o azulejo mostrava sinal de envelhecimento. Aquilo que a gente deixa parado, no lugar de costume, vai se deteriorando.
Na arca, o relacionamento daquela família era o que havia de mais importante. Estar na arca significava ter muito trabalho a ser realizado, mas também oportunidade de consertar relacionamentos e não deixar o comodismo reger as vidas, até porque, cedo ou tarde, todos sairiam dali.
Quando pensamos no nosso mundo interno, em nossa arca, precisamos olhar e visitar nosso íntimo, pois só assim perceberemos o gás tóxico existente ali.
Alguns relacionamentos, não apenas familiar, mas com algumas pessoas que são amigas, acabam sofrendo por ‘lixos’ que não removemos? Precisamos avaliar um pouco onde precisa haver uma reciclagem, ou melhor, uma ressignificação para que aquilo não vire um hábito pernicioso.
Noé foi o membro da família com quem Deus falou e fez promessas. Cabia a ele repassar as informações a todos e mantê-los dentro do propósito divino. Aprendemos com Noé que a convivência pacífica, ainda que cada um tenha suas dificuldades, precisa ser cultivada para que cheguemos, em família, ao porto seguro preparado pelo Pai.
A família de Noé saiu da arca. E eles estavam bem entre si. Certamente, lá dentro eles ponderaram sobre várias situações, ‘lavaram suas roupas sujas’, pensaram nas promessas de Deus, olharam para o futuro, e assim foram capazes de ter esperanças e de concluir o projeto que Deus tinha para cada um deles.
Pense nisso!
O Pai ama você!
Darci Lourenção
Por Darci Lourenção, psicóloga, pastora, coach, escritora e conferencista. Foi Deã e Professora de Aconselhamento Cristão. Autora dos livros “Na intimidade há cura”, “A equação do amor” e “Viva sem compulsão”.
* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
Leia o artigo anterior: As lições de Noé na arca – Parte 1