Os 3 Ps.

Os 3 Ps.

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:05

Uma imagem vale mais que mil palavras. Fotos chocantes fazem com que sempre nos lembremos deste dito popular. Nos últimos dias, as imagens que nos chocam estão vindo do Rio de Janeiro. Uma delas, no entanto, chocou mais, a imagem da piscina. O Brasil inteiro viu. Quando as forças policiais conquistaram o complexo do Alemão, no alto do morro, se descobriu luxos e privilégios dos traficantes, dentre eles uma piscina, o primeiro P.

Por que a imagem da piscina vale mais que mil palavras? Por causa do cenário. A foto aberta mostra ao fundo centenas de casebres, revelando a pobreza da favela em contraste com o conforto vivido pelos traficantes. É uma cena quase surreal, mas, infelizmente real. Ter piscina não é pecado, neste caso, porém, é. E se é, surge então o segundo P, de pecado.

Por que é pecado? Porque a manutenção da tal piscina ía muito além de cloro e limpeza. Custava vidas de traficantes e viciados. A transparência das águas daquela piscina eram mantidas pela nebulosidade dos negócios inescrupulosos promovidos por bandidos. Quanta orgia, decadência e maldade foram mergulhados naquela piscina? Difícil saber. Piscina simbolizando pecado clama pelo terceiro P, de perdão.

Há possibilidade de perdão para a violência que se pratica no Rio? Se pessoas como eu e você fomos alcançados pelo perdão, todos podem ser. Ok, você não é como eu nem como os frios e calculistas traficantes do Rio, tudo bem. Mas não é só o complexo do Alemão que precisa, toda nossa complexa sociedade precisa de redenção. Ou não? O que dizer dos mensalões? Das cuecas e meias dos engravatados de Brasília? Do custo previsto para as obras do PAN no Rio e quanto de fato foi gasto? Dos impostos que nos sangram? Frederico Vasconcelos, em seu blog na Folha.com registra a seguinte opinião: "As razões deste descalabro que atormenta o Rio são bem conhecidas. Uma Polícia corrupta, um sistema judiciário ineficiente e leniente, leis mal redigidas e mal aplicadas, incapacidade ou inércia do Ministério Público, conivência da sociedade. Somos todos culpados. Ninguém pode dar-se por exonerado de suas responsabilidades".

Aquela piscina proibida simboliza os meus pecados proibidos, coisas que quero, mas não devo querer; que desejo, mas não devo realizar, aí, vencido pelas cobiças internas, dou um jeito e conquisto minha piscina. Não importa se com dinheiro do tráfico, o que importa é que tenho minha piscina. O dilema é que mais dia, menos dia, a justiça chega e, envergonhado, fujo. Perdão é a palavra. A insistente propagação do prazer pelo consumo, pelos vários parceiros sexuais, pelo jogo, pelo álcool, pela vida que não tem que dar satisfação para ninguém, via de regra, termina assim, com gente acuada em morros e matas.

Quando piscinas se tornam pecados precisamos não de fuga, mas de perdão. Nossos morros e matas são construídos por nosso orgulho e vergonha, que nos fazem fugir e se esconder. Um choque de perdão poderia mudar a face do mundo. O pedido da cruz continua ecoando: Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem. Dois mil anos se passaram, e parece que o homem continua sem saber o que fazer, nem como fazer e muito menos o que não fazer. Seja uma piscina, um pecado ou uma simples busca por perdão.

Paz!

Pr. Edmilson Mendes

Edmilson Ferreira Mendes   é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: "Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".

Contatos com o pastor Edmilson Mendes:

www.mostreatitude.com.br  

mendeslongo@uol.com.br

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