Jacó se tornou o primogênito, abençoado pelo pai e alvo do cumprimento de uma profecia sobre sua vida. Para que isso acontecesse, ele precisou ir contra toda e qualquer possibilidade, contrariar o caminho que seu próprio destino parecia ter traçado a olhos humanos, pois o próprio Deus tinha planos bem maiores para transformar completamente sua vida.
Mas por que Jacó teria sido escolhido por Deus para protagonizar uma história tão surpreendente como esta, na qual Deus chegou a revogar uma lei severa como a da primogenitura, especificamente para o seu caso?
Para entendermos isto devemos voltar àquele momento sobrenatural, em Betel – onde teve aquela visão de uma escada que levava aos céus – e buscar entender o que Deus viu em sua vida naquele momento. Desta forma, descobrimos que ele tinha quatro pré-requisitos importantes para ser considerado filho do Pai, naquele momento.
1. Ele havia sido abençoado por seu pai, o que o deixava debaixo da cobertura divina (Gênesis 27:27).
2. Deus sabia que ele que seria grato ao Pai por sua bênção recebida, e assim Jacó o fez, construindo um altar naquele local onde teve sua visão e, por isso o lugar ganhou o nome de Betel, que significa “Casa de Deus”. (28:19)
3. Deus também sabia que Jacó faria um voto sincero com Ele, após receber a sua bênção. (Gênesis 28.20 – 22)
4. Jacó tinha o coração arrependido e chorou, clamando a Deus pelo perdão de seus erros do passado. (Oseias 12:4).
Lágrimas de confissão e arrependimento
É justamente sobre neste quarto ponto que quero focar nossa reflexão de hoje.
Quando Deus aparece a Jacó em sonho e lhe pergunta “Qual é o seu nome?”, o filho de Isaque lhe responde prontamente
- Meu nome é Jacó.
Por mais que inicialmente isso pareça óbvio aos olhos de muitos, é preciso entender o contexto no qual Jacó se encontrava naquele momento. Ele era um fugitivo, pois havia enganado seu pai e se aproveitado de um momento de vulnerabilidade do irmão mais velho para conseguir a bênção da primogenitura.
Então, quando ele responde a Deus com seu nome verdadeiro, aquilo é bem mais que uma resposta, é uma confissão, pois ele sabia que seu nome estava ligado a erros graves do passado.
Ao receber a visita divina, representada por aquele anjo, Jacó realmente se sente confrontado e se arrepende naquele momento. Ele se agarra a Deus, se humilha, clamando com lágrimas por Seu perdão.
É interessante ver que antes de qualquer bênção relacionada à prosperidade, Jacó pede a transformação de sua própria vida, ou seja, ele compreendeu que ter a bênção da primogenitura sem uma vida perdoada por Deus de nada valeria.
As lágrimas de Jacó foram de arrependimento, mas o levaram a receber perdão e as bênçãos do Pai.
Deus guarda nossas lágrimas
Sem dúvida alguma, as lágrimas de Jacó não foram em vão, elas foram vistas e acolhidas pelo Pai, que também faz o mesmo conosco, como lembra o salmista, no capítulo 56, versículo 8 “Contaste os meus passos quando sofri perseguições; recolheste as minhas lágrimas no teu odre: não estão elas inscritas no teu livro?”.
Nossas lágrimas choradas no abraço do Pai se tornam parte do ato de semear preces e súplicas para colher com júbilo, posteriormente, como também está escrito em outra passagem de Salmos.
“Aqueles que semeiam com lágrimas, com cantos de alegria colherão. Aquele que sai chorando enquanto lança a semente, voltará com cantos de alegria, trazendo os seus feixes”. (Salmos 126: 5-6)
Lágrimas abrem os portais celestiais
O Rabino Yosef Weiss afirma que as palavras “A Oração” em hebraico possuem o mesmo valor numérico que “Lágrimas do Justo”. Que interessante esta “coincidência”, não é mesmo?
A verdade é que as lágrimas do justo ABREM OS PORTÕES CELESTIAIS! As lágrimas do justo abrem as portas de Deus.
A Mezuzá e as portas abertas
שעלי דמעזת יפתח
SHADAI = שדי
É um mandamento para os judeus colocarem uma mezuzá ao lado da porta em toda a casa onde se dorme e é comum se colocar nos quartos onde as pessoas daquela casa dormem. É costume colocar também o objeto na entrada de cada empresa fundada por um judeu.
Dentro da mezuzá é colocado um pergaminho de forma a que a letra "shin” ש)) fique voltada para frente da mezuzá, como se estivéssemos, por detrás do material da mezuzá onde normalmente há outra representação do "shin", que é a indicação de Shadai.
Colocar a Mezuzá com a indicação de “Shadai” na porta é um ato profético, indicando que ali “as lágrimas do justo abriram, não esta porta física, mas as portas de Deus, as portas do céu”.
Mas quem é este justo sobre o qual os anjos sobem e descem? Quem é este justo cujas lágrimas e intercessão trazem as bênçãos de Deus para nós? Quem é este justo cuja intercessão abre as portas dos céus?
Pela graça e misericórdia do Pai, meus irmãos, este justo sou eu, você e todo aquele que clama a Deus com um coração contrito e arrependido, reconhecendo sua fraqueza e necessidade diária de beber da fonte de água viva que é Jesus.
Que possamos continuar semeando com lágrimas para colher com júbilo, aquilo que Deus tem reservado para nós.
Por Joel Engel, pastor, líder do Ministério Engel, em Santa Maria (RS) e fundador do Projeto Daniel, que ajuda crianças órfãs em países da África.
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