Esteve em pauta há pouco tempo a proibição das palmadas e castigos físicos para as crianças, principalmente por parte dos pais.
Ao criar os filhos, por mais que apontemos defeitos na forma em que nossos pais nos criaram nos remetem aos exemplos e vivências da nossa infância. Mesmo os pais mais compreensivos e abertos das gerações anteriores, pelo menos um deles deu alguma palmadinha educativa em seu filho. Tendo em vista que muitos de nós conhecemos apenas essa autoridade como suficiente para domar sua prole, como ficaria a educação com essa proibição? Sem pensar em agressão, qual a melhor maneira de punir uma criança por um erro cometido?
Pedagogicamente, os castigos devem ser relacionados ao erro e aplicados imediatamente para que tenham efeito. O tempo de duração deles deve ser proporcional a idade e a maturidade da criança.
Exemplificando, você precisa levar seu filho ao mercado, pois não tem com quem deixá-lo e ele resolve fazer birra. Nesse dia, nada deve ser comprado para ele. Nenhuma guloseima ou supérfluo deve ser colocado no carrinho, mesmo que isso a obrigue a desistir de fazer a compra... Deixar para castigá-la em casa, sentada no canto, cheia de balas e chocolates não vai resolver o problema de comportamento fora de casa. Outro problema comum é relacionado à alimentação, principalmente as refeições principais. Nesse caso, além de água, a criança não deve ter acesso a nada até a próxima refeição, já que se negou a fazê-la.
Castigos do tipo isolamento do grupo, sentar para pensar, também são válidos principalmente quando o problema da criança é agressividade , pois o isolamento é uma conseqüência real para quem não sabe se comportar em grupo.
Um castigo do tipo: 1 semana/1 dia sem televisão também é válido desde que o tempo estipulado seja realmente cumprido. Nunca deve ser aplicado um castigo e por pena voltar atrás. Vale mais um dia sem TV, como punição a um desrespeito ou mal criação, do que uma semana, e no terceiro dia, abrir mão do castigo porque o filho melhorou ou você não agüentou entretê-lo sem a televisão.
O tempo do castigo/punição tem diferença entre idades. Se você deixar uma criança menor de cinco anos sentada mais de dez minutos, ela acabará dormindo. O ideal é que ela realmente pense, e antes de ser liberada do castigo, tenha condições de pedir desculpas ou assumir o que houve de errado.
Se a criança recebe mesada, aplicar um castigo descontando um valor é correto? Se essa criança tem um acordo de mesada baseado em tarefas a cumprir, ela pode e deve ser descontadas nas suas infrações, do contrário não.
Também sou da opinião que perder um brinquedo que ela gosta não é correto. Ela pode ficar sem acesso a ele, como no caso da TV, mas tirá-lo deve ser algo trabalhado sem traumas, para que a criança não tenha problemas em doar e se desfazer de suas coisas quando necessário.
Michelle Maneira é pedagoga, com pós-graduação em psicopedagogia e especialização em tecnologias educacionais, professora de educação infantil da rede pública.