Paternidade e amizade: demarcando bem as fronteiras

Paternidade e amizade: demarcando bem as fronteiras

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:04
pai e filhoO relacionamento entre pais e filhos precisa ir muito além da amizade. Muito embora pais e filhos anseiem por este tipo de relacionamento, a paternidade exige muito mais que amizade. 
 
Pai, mãe, avós, esposa, marido, filho e outras nomenclaturas que identificam os personagens na matriz familiar vão muito além de títulos. São papéis a serem desenvolvidos e requerem maturidade e demandam responsabilidades incondicionais: amar, educar, estabelecer limites, prover materialmente, emocionalmente e espiritualmente são algumas destas responsabilidades. Queiram ou não, gostem ou não os filhos, pais precisam exercer sua paternidade. E nem sempre ela é amistosa. A amizade é consequência da nomeação espontânea dentro dos relacionamentos interpessoais. Sou eu quem nomeia meus amigos e eles quem me nomeiam. Se puder ser pai e amigo muito bom! Mas as fronteiras entre a paternidade e a amizade devem ser bem demarcadas.
 
Estamos testemunhando um cenário de transtornos relacionais sem precedentes. A falta de papéis claros dentro da família tem produzido um quadro de adoecimento familiar que, em muitos casos, tem levado os filhos e até pais a disfunções comportamentais e psíquicas complexas. A família é o nascedouro das virtudes e vicissitudes do ser humano.
 
O Dr. Winicott, renomado pediatra e psiquiatra inglês, em seus estudos sobre aprendizagem, demonstra três resultados possíveis na relação pais e filhos: saúde, doença e não doença. Saúde e doença são bem claros e definidos para nós e dispensam maiores comentários. Mas é exatamente a “não doença” que merece atenção. Este estado de “não doença” denuncia o campo perigoso da dúvida. Sim ou Não? Amor ou Ódio? Pode ou Não Pode? Pai ou Amigo?
 
Os Bateson, casal inglês de cientistas, pais da teoria do duplo-vínculo, basearam-se na percepção deste comportamento danoso onde não há uma mensagem clara por parte dos pais. Demonstrou-se que este relacionamento de duplo significado é potencializador de distúrbios psíquicos dos quais a esquizofrenia é o pior deles. Não seria isto uma boa explicação para o quadro caótico em que vivem muitas famílias nos dias de hoje? Pais e filhos precisam desfrutar do seu papel dentro da família de uma forma clara e genuína.
 
Já é tempo de terminar com esta história de Pais-filhos e Filhos-pais. Jesus deixou um ensinamento muito claro para nós que está escrito na Bíblia Sagrada – bem antes dos Bateson descobrirem o duplo-vínculo! Jesus disse: “Que o ‘sim’ de vocês seja sim, e o ‘não’, não, pois qualquer coisa a mais que disserem vem do Maligno.” Mateus 5.37.  Pai tem que ser primeiro, e acima de tudo, pai. O resto é confusão!
 
 
 
Pr. Paulo Falçarella

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