Em 2024, o Ano Novo judaico, Rosh Hashaná, ocorre em uma data histórica que envolve o cerco de Jerusalém de 2 de outubro de 1187, lembrando não apenas os conflitos do passado, mas também a complexidade das relações atuais em torno da cidade santa.
A coincidência dessas datas aponta para a importância histórica e espiritual de Jerusalém na memória coletiva, tanto para judeus quanto para muçulmanos, e provoca reflexões sobre as lutas por controle e identidade na região.
A conquista de Jerusalém pelo império muçulmano liderado por Saladino, conhecido como Salah ad-Din Yusuf ibn Ayyub, foi um ponto culminante da Guerra das Cruzadas, que teve início em 1095, quando os cristãos europeus, motivados por razões religiosas e políticas, conquistaram a cidade e estabeleceram o Reino de Jerusalém.
Saladino, gravura sem data. (Imagem: Britannica)
O evento rompeu com 88 anos da presença cristã na capital eterna de Israel.
Cidade santa
Nascido na Mesopotâmia [hoje no Iraque], Saladino havia unificado as forças muçulmanas e se comprometido a recuperar a cidade sagrada, que era um centro de grande importância para muçulmanos, cristãos e judeus – assim como ainda é hoje.
Imagem panorâmica de Jerusalém. (Foto: Wikipedia)
“Cada ato de Saladino foi inspirado por uma devoção intensa e inabalável à ideia de jihad, ou guerra santa. Era uma parte essencial de sua política encorajar o crescimento e a disseminação de instituições religiosas muçulmanas”, descreve a Britannica.
Após uma série de batalhas, incluindo a decisiva Batalha de Hattin, em julho de 1187, Saladino cercou Jerusalém, que estava vulnerável e sem a proteção adequada.
Os muçulmanos utilizaram uma variedade de máquinas de guerra, incluindo manganelas e catapultas, para atacar a cidade. Essas máquinas eram comuns em cercos medievais e eram usadas para lançar grandes pedras e outros projéteis sobre as muralhas da cidade e em direção a suas defesas.
A rendição de Jerusalém foi marcada por um acordo que, apesar das tensões religiosas, permitiu que muitos dos habitantes cristãos permanecessem na cidade.
Terceira Cruzada
Essa conquista não apenas alterou o controle político da cidade, mas também teve profundas repercussões na história religiosa e cultural da região. A reconquista de Jerusalém por Saladino motivou os cristãos na Europa, levando a um apelo para a Terceira Cruzada, que buscava recuperar a cidade e restaurar o controle cristão.
A cruzada foi liderada por três monarcas: Ricardo I da Inglaterra, Filipe II da França e Frederico I, Sacro Imperador Romano-Germânico.
A recuperação da cidade de Jerusalém pelos cristãos durante a Terceira Cruzada, ocorreu entre 1189 e 1192.
O evento mais significativo foi a conquista de Jerusalém em 1192, que, no entanto, não resultou na retomada total da cidade como parte do Reino de Jerusalém.
A cidade continuaria a ser um ponto importante de disputa e conflito ao longo dos séculos, com seu status religioso e político sempre em evolução.