Pelo menos 70 cristãos evangélicos e ortodoxos foram recentemente libertados de três prisões na Eritreia, segundo informações da Christian Solidarity Worldwide (CSW), uma organização de direitos humanos especializada em liberdade religiosa.
No dia 1º de fevereiro, 21 mulheres e 43 homens foram libertados das prisões de Mai Serwa e Adi Abeito, próximas à capital, Asmara. Os prisioneiros cristãos foram detidos sem acusação ou julgamento — por um período de dois a 12 anos.
Em 27 de janeiro, foram libertadas 6 mulheres que haviam sido presas em setembro de 2020, em Dekemhare, no sudeste de Asmara. As mulheres foram presas por adorar em público enquanto caminhavam por uma rua, evento que foi filmado e divulgado nas redes sociais.
Há cerca de 500 prisioneiros cristãos na Eritreia, um país governado por uma ditadura militar que proibiu todas as formas de religião, exceto o islamismo, o cristianismo ortodoxo, o catolicismo romano e a igreja luterana.
Quando presos, os cristãos perseguidos geralmente desaparecem sem deixar vestígios. As condições nas prisões são uma das mais severas do mundo, com presidiários mantidos em contêineres e cristãos frequentemente torturados na tentativa de fazê-los renunciar à sua fé.
Embora as liberações sejam encaradas com alegria, há especulação de que elas marcam o último esforço do regime da Eritreia para desviar a atenção internacional do papel do país na guerra em curso na região de Tigray, na Etiópia, onde as tropas da Eritreia foram acusadas de crimes contra a humanidade, crimes de guerra e genocídio.
“A CSW acolhe bem a libertação desses cristãos na Eritreia, que foram detidos sem acusação ou julgamento e nunca deveriam ter sido encarcerados. No entanto, esta boa notícia não deve apagar a contínua cumplicidade do regime da Eritreia em flagrantes violações dos direitos humanos, tanto dentro das suas próprias fronteiras como agora em Tigray”, disse o fundador da organização, Mervyn Thomas.
Em 4 de dezembro de 2020, o governo libertou 24 testemunhas de Jeová, incluindo três objetores de consciência — Paulos Eyasu, Isaac Mogos e Negede Teklemariam — que estavam detidos há 26 anos. Seus casos foram destacados pelo ex-relator especial da ONU para a Eritreia em outubro do ano passado.