Autoridades russas invadiram igrejas batistas e multaram pastores nos últimos meses, na região de Luhansk, na Ucrânia.
A área foi tomada pelas forças russas em 2022 e os cristãos locais têm enfrentado repressão pelo governo invasor.
Segundo o Forum 18, uma organização que apoia cristãos perseguidos, a polícia e um promotor invadiram a congregação batista do Conselho de Igrejas na cidade de Krasnodon, durante o culto de Domingo de Pentecostes, no dia 8 de junho.
Os oficiais confiscaram todos os materiais cristãos que encontraram no templo e fotografaram todas as salas da igreja.
Quando a organização Forum 18 questionou a Polícia Distrital de Krasnodon sobre a operação de busca e apreensão, um oficial respondeu apenas que não poderia informar a razão.
Segundo o pastor da igreja, Vladimir Rytikov, a recente ação faz parte de uma campanha para reprimir igrejas não registradas e cumprir leis "anti-missionárias" em áreas ucranianas ocupadas pela Rússia.
“A questão principal é o registro da igreja. Expliquei que, por vários motivos, não nos registramos. Uma das razões é o [governo russo obriga o] pastor de informar às autoridades sobre a vida dos membros e sobre o trabalho da igreja, e isso é traição", afirmou Vladimir, em entrevista ao Forum 18.
O líder ucraniano já enfrentou a perseguição antes, quando foi preso pelas autoridades soviéticas em 1979, por seu envolvimento com um acampamento cristão para crianças.
Em 30 de maio, a polícia também invadiu a igreja batista na cidade de Luhansk. Em 23 de maio, Vladimir Rudomyotkin, o pastor da congregação batista em Donetsk foi multado, acusado de “atividade missionária".
Além disso, apenas dois dias antes, o Tribunal Interdistrital de Budennovsk puniu de forma semelhante a paróquia da Igreja Católica na mesma cidade.
Violação da liberdade religiosa
A Comissão dos EUA sobre Liberdade Religiosa Internacional denunciou diversas violações da liberdade religiosa em regiões da Ucrânia ocupada pela Rússia, devido à pressão para igrejas se registrarem.
"Após o registro, as comunidades religiosas devem aderir à lei russa, que proíbe certas formas de atividades e discursos religiosos", informou a comissão.
"Em Donetsk, soldados russos revistaram igrejas, apreenderam equipamentos e documentos da igreja e removeram literatura religiosa considerada 'extremista'”, acrescentou.
As autoridades russas também têm perseguido líderes cristãos e já destruíram locais religiosos nas áreas ocupadas, matando pessoas que cultuavam ou se abrigavam nos templos.
Fechamentos de igrejas
Desde que a Rússia iniciou sua tentativa de invasão na Ucrânia em fevereiro de 2022, pelo menos 500 igrejas e locais religiosos foram danificados ou destruídos.
Um relatório de uma entidade dedicada à defesa da liberdade religiosa relata que, neste ano, tribunais russos aplicaram multas elevadas, impuseram restrições e até decretaram o fechamento de templos.
Eric Mock, da Slavic Gospel Association, retrata a realidade dessas igrejas como um conjunto de provações – sendo que enfrentar a vida em uma zona de guerra é apenas o primeiro obstáculo.
“A primeira parte – que remonta a 2014 e à Revolução Laranja – é que as igrejas protestantes são vistas como agentes do Ocidente, como tendo ligações ocidentais”, diz ele.
“Elas são percebidas como instituições que minam a Ortodoxia Russa e a tradição russa. Não são consideradas confiáveis devido à sua relação com o Ocidente”.