O relatório “Cristãos sob ataque na Índia”, elaborado por várias organizações não governamentais, responsabiliza o partido nacionalista hindu BJP (Bharatiya Janata Party - Partido do Povo Indiano), do primeiro-ministro Narendra Modi, assim como as leis anticonversão em vigor, pelo aumento dos ataques contra a comunidade cristã na Índia.
De acordo com a Ajuda à Igreja que Sofre, no estado indiano de Madhya Pradesh – onde os cristãos representam menos de 4 por cento da população - há relatos de medo, depois de ativistas radicais hindus terem intensificado uma campanha para a reconversão ao hinduísmo.
A Fundação AIS relata que as pessoas estão “assustadas” face ao aumento da pressão para que muitos desistam de ser cristãos.
“Os ativistas hindus estão a exigir ações contra padres e pastores que lideram as respetivas comunidades cristãs, e ameaçam demolir as nossas igrejas, sob a falsa acusação de que elas foram construídas ilegalmente nas terras dos povos indígenas”, conta Rochy Shah, um líder cristão.
Violência e ódio
A enxurrada de tais incidentes de crimes de ódio, a violência da turba contra os cristãos parece ser cada vez mais agravada por manifestações e slogans contra a comunidade com base no desencadeamento de medos e ansiedades sobre 'conversões religiosas'.
Ele confirma que a estratégia de intimidação já obrigou a mobilização das forças de segurança para se evitar a destruição de igrejas. “Mais de 300 polícias foram destacados para proteger a catedral católica e outras estruturas”.
Madhya Pradesh é um dos oito estados da Índia que tem atualmente uma lei anticonversão, e que prevê penas de prisão até 10 anos para quem se tenha convertido a outras religiões, o que, segundo Shah, constitui “um claro desafio” sobretudo a quem se converteu ao cristianismo.
Desde que a lei entrou em vigor, no início do ano, mais de uma dezena de cristãos, incluindo sacerdotes e pastores, foram detidos e muitos encontros de oração foram proibidos. “Até um ato de caridade cristã pode agora ser interpretado como um caso de tentativa de conversão”, diz Shah à Fundação AIS.
O relatório foi divulgado em Delhi em 21 de outubro, quinta-feira, pela Associação de Proteção dos Direitos Civis, Fórum Cristão Unido e Unidos contra o Ódio em uma coletiva de imprensa.