Agora Maryam, de 8 anos, vive no pátio de uma igreja em Erbil, no Iraque, mas ela já passou dias com a família em tendas impermeáveis após ter que deixar sua casa por causa da invasão do Estado Islâmico.
Ao ser questionada sobre os dias em que sua família esteve em fuga, tudo o que Maryam consegue responder é: "Eu chorei."
O espaço em que as famílias refugiadas vivem na igreja é pequeno, mas quente, graças a aquecedores no chão. Ao falar sobre o local em que dorme, Maryam aponta para um lugar perto do aquecedor e diz: "Ao lado da minha mãe".
Neste campo de refugiados há centenas de crianças, desde bebês até jovens de 16 anos. Daniel é um dos líderes de igreja que trabalha auxiliando essas pessoas.
Ele conta como foi a chegada das crianças no acampamento. "Elas eram tão agressivas quando chegaram aqui; ouviram que eu tinha comprado brinquedos para elas e colocado em um espaço que chamamos de ‘Amigo da criança’, mas, quando voltei, vi que tinha quebrado todos os brinquedos. Elas estavam com raiva de tudo e também estavam com raiva de Deus.”
O colaborador explica que isso aconteceu porque as crianças viam as mães chorando e os pais gritando após tudo o que estava acontecendo.
Nascido nos dias da Guerra do Golfo, em que o Iraque foi invadido pelos Estados Unidos, Daniel sabe bem o que é viver na guerra e sabe o quanto essas crianças precisam de paz. "Desde quando eu nasci até agora, tudo o que eu conheço é guerra, guerra, guerra. Espero que essas crianças não tenham de passar pelo mesmo que eu passei, eu quero que elas tenham uma nova vida, uma vida sem guerras e sem armas. Elas precisam de paz", afirma.
Os parceiros locais no Iraque para treinar líderes como Daniel são possíveis graças ao apoio de parceiros da Portas Abertas ao redor do mundo.
Após o treinamento, Daniel se sente mais preparado para atuar com as crianças. "Nós costumávamos só falar, falar, falar; mas ninguém dava ouvidos às crianças. Mesmo que tivessem todas essas lembranças e emoções armazenadas dentro delas, no treinamento eu percebi que elas precisam deixar isso sair; nós precisamos escutá-las.”
Conheça mais da campanha Mantenha a Igreja viva no Iraque.