Mais de 250 meninas estão sob poder dos militantes islâmicos Boko Haram desde a noite de 14 de abril deste ano. O grupo terrorista havia atacado a Escola Secundária do Governo em Chibok, estado de Borno, no norte da Nigéria. Se passaram seis meses, e as negociações para a libertação ainda estão em andamento.
Segundo o Boko Haram, as meninas foram sequestradas para serem tratadas como escravas e para casarem, em referência a uma antiga crença islâmica de que as mulheres capturadas em conflito fazem parte do "espólio de guerra".
Relatos feitos por colaboradores da Portas Abertas - ministério dirigido à igreja perseguida - na Nigéria, revela que muitas dessas meninas têm vivido sob uma opressão cruel desde que foram levadas pelos radicais. Elas têm sido violentadas e torturadas de diversas formas com frequência. Além disso, muitas já foram vendidas como escravas.
O governo nigeriano tem feito negociações com o grupo terrorista, e após acordo, o Boko Haram deve libertar as meninas. "Eles nos garantiram que irão libertar as meninas", disse o assessor presidencial nigeriano Hassan Tukur à BBC. "Estou cautelosamente otimista".
As negociações para a libertação das meninas serão finalizadas em outra reunião, na capital do Chade, N'Djamena, afirmou Tukur. Estas reuniões fazem parte de um cessar-fogo que foi acordado após um mês de negociações, mediado pelo Chade.
Ainda que as meninas sejam libertadas, elas terão de se recuperar não só fisicamente, mas também emocional e espiritualmente. Desde o sequestro, a Portas Abertas tem mobilizado cristãos ao redor do mundo para apoiar as famílias em oração, além de organizar visitas aos familiares das meninas sequestradas, a fim de encorajá-los.
Entenda o grupo Boko Haram
O objetivo do grupo militante islâmico Boko Haram é derrubar o governo e criar um Estado islâmico. Além de sequestros, o grupo também realiza, desde sua fundação no norte da Nigéria em 2002, atentados e assassinatos.
O lema que os integrantes defendem e seguem é uma frase do Alcorão, o livro sagrado dos mulçumanos: "Qualquer um que não é governado pelo que Deus revelou está entre os transgressores".
O Boko Haram defende uma linha do Islamismo que proíbe que os muçulmanos façam parte de atividades relacionadas com a sociedade ocidental. Isso inclui votar em eleições, vestir camisas e calças ou receber uma educação secular.
O nome oficial do grupo é Jama'atu Ahlis Sunna Lidda'awati wal-Jihad, que em árabe significa "Pessoas comprometidas com a propagação dos ensinamentos do Profeta e da Jihad". Mas os moradores de Maiduguri, cidade no nordeste do país onde o grupo tinha sua sede, o apelidaram de Boko Haram. Em tradução livre da língua local, hausa, o apelido significa "a educação ocidental é proibida".
O grupo tem promovido ataques mais audaciosos no norte e no centro da Nigéria, como o bombardeio de igrejas, ônibus, bares, quartéis militares e até mesmo sedes policiais e da ONU na capital, Abuja.
Analistas dizem que o norte da Nigéria tem um histórico de grupos militantes islâmicos, mas que o Boko Haram provou ser muito mais letal, com uma agenda jihadista global.
Com informações de BBC e Porta