‘Não se esqueçam de nós, estamos sofrendo’, clamam cristãos na África Ocidental

Uma analista de perseguição alertou que os países da África Ocidental podem ser esquecidos se todos olharem apenas para o que acontece no Afeganistão.

Fonte: Guiame, com informações de Christian TodayAtualizado: quinta-feira, 20 de janeiro de 2022 às 14:43
Atualmente, mais de 340 milhões de cristãos são perseguidos no mundo por razões relacionadas à fé em Cristo. (Foto: Portas Abertas)
Atualmente, mais de 340 milhões de cristãos são perseguidos no mundo por razões relacionadas à fé em Cristo. (Foto: Portas Abertas)

Neste mês de janeiro, a Portas Abertas alertou a Igreja sobre a “talibanização” na África Ocidental e o Christian Today entrevistou Illia Djadi, a analista sênior da organização sobre liberdade de religião e crença nos países africanos.

A analista explicou porque existe uma preocupação crescente em torno da África Ocidental: “Os extremistas islâmicos estão aproveitando a fragilidade desses governos — ausência de estado e boa governança, pobreza, suas fronteiras porosas, falta de educação e assim por diante — e estão usando isso para dividir os países em linhas étnicas e religiosas.

Segundo Djadi, a África Ocidental tornou-se o novo epicentro do jihadismo internacional, especialmente em torno de Mali, Níger e Burkina Faso. “Em Burkina Faso, há uma dramática crise humanitária com cerca de 1,5 milhão de pessoas deslocadas internamente, 3 mil escolas fechadas e cerca de meio milhão de crianças sem educação”, ela apontou.

Como os cristãos são afetados

“Os cristãos são os principais alvos dos extremistas porque eles querem estabelecer um califado e uma república islâmica. E os cristãos são alvos porque não são muçulmanos, embora os jihadistas também estejam mirando muçulmanos moderados”, esclareceu. 

O norte de Burkina Faso, por exemplo, foi esvaziado de sua população cristã. “Alguns foram mortos, outros foram forçados a fugir. Igrejas e escolas foram todas fechadas”, ela revelou.

Como a comunidade internacional pode ajudar os africanos

Segundo Djadi, é preciso que os olhares estejam voltados à complexidade e escala da violência na África Ocidental. 

“Porque não está recebendo a atenção que merece. Meu medo é que, com toda a atenção voltada para tudo o que está acontecendo no Afeganistão, a África Ocidental seja esquecida”, ela disse.

“A comunidade internacional precisa ajudar a sustentar a boa governança nesses países e é preciso haver uma resposta holística porque a resposta militar falhou. Uma resposta militar não é suficiente”, continuou.

Além disso, a analista aponta para a necessidade de desenvolvimento social e econômico, mais escolas e mais empregos. “Porque quando há falta de esperança econômica, as pessoas são presas fáceis para o recrutamento de grupos militantes”, emendou.

“A comunidade internacional também deve apoiar as organizações religiosas e as igrejas porque forneceram muitos cuidados sociais e assistência às pessoas necessitadas”, disse ao explicar que com tanta violência, até as igrejas se tornaram vítimas.

“As organizações cristãs estão sobrecarregadas e, portanto, são incapazes de continuar ajudando. A comunidade internacional deve ajudá-los para que possam continuar a realizar o bom trabalho que vêm realizando há muitos anos no apoio às pessoas necessitadas”, disse ainda.

“Por favor, continuem orando pelos cristãos na África Ocidental e na região do Sahel. Não se esqueçam de nós. Os cristãos aqui estão sofrendo. Orem por proteção e para que a Igreja e sua liderança permaneçam firmes em meio à violência, perseguição e matança”, pediu.

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