Neste mês de janeiro, a Portas Abertas alertou a Igreja sobre a “talibanização” na África Ocidental e o Christian Today entrevistou Illia Djadi, a analista sênior da organização sobre liberdade de religião e crença nos países africanos.
A analista explicou porque existe uma preocupação crescente em torno da África Ocidental: “Os extremistas islâmicos estão aproveitando a fragilidade desses governos — ausência de estado e boa governança, pobreza, suas fronteiras porosas, falta de educação e assim por diante — e estão usando isso para dividir os países em linhas étnicas e religiosas.
Segundo Djadi, a África Ocidental tornou-se o novo epicentro do jihadismo internacional, especialmente em torno de Mali, Níger e Burkina Faso. “Em Burkina Faso, há uma dramática crise humanitária com cerca de 1,5 milhão de pessoas deslocadas internamente, 3 mil escolas fechadas e cerca de meio milhão de crianças sem educação”, ela apontou.
Como os cristãos são afetados
“Os cristãos são os principais alvos dos extremistas porque eles querem estabelecer um califado e uma república islâmica. E os cristãos são alvos porque não são muçulmanos, embora os jihadistas também estejam mirando muçulmanos moderados”, esclareceu.
O norte de Burkina Faso, por exemplo, foi esvaziado de sua população cristã. “Alguns foram mortos, outros foram forçados a fugir. Igrejas e escolas foram todas fechadas”, ela revelou.
Como a comunidade internacional pode ajudar os africanos
Segundo Djadi, é preciso que os olhares estejam voltados à complexidade e escala da violência na África Ocidental.
“Porque não está recebendo a atenção que merece. Meu medo é que, com toda a atenção voltada para tudo o que está acontecendo no Afeganistão, a África Ocidental seja esquecida”, ela disse.
“A comunidade internacional precisa ajudar a sustentar a boa governança nesses países e é preciso haver uma resposta holística porque a resposta militar falhou. Uma resposta militar não é suficiente”, continuou.
Além disso, a analista aponta para a necessidade de desenvolvimento social e econômico, mais escolas e mais empregos. “Porque quando há falta de esperança econômica, as pessoas são presas fáceis para o recrutamento de grupos militantes”, emendou.
“A comunidade internacional também deve apoiar as organizações religiosas e as igrejas porque forneceram muitos cuidados sociais e assistência às pessoas necessitadas”, disse ao explicar que com tanta violência, até as igrejas se tornaram vítimas.
“As organizações cristãs estão sobrecarregadas e, portanto, são incapazes de continuar ajudando. A comunidade internacional deve ajudá-los para que possam continuar a realizar o bom trabalho que vêm realizando há muitos anos no apoio às pessoas necessitadas”, disse ainda.
“Por favor, continuem orando pelos cristãos na África Ocidental e na região do Sahel. Não se esqueçam de nós. Os cristãos aqui estão sofrendo. Orem por proteção e para que a Igreja e sua liderança permaneçam firmes em meio à violência, perseguição e matança”, pediu.