Nessa segunda-feira, 6 de outubro, começou o VII Congresso Brasileiro de Missões, em Águas de Lindóia-SP.
Estudiosos, missionários experientes, pastores, diretores de agências missionárias e líderes de missões em igrejas locais participam do encontro até sexta-feira, dia 10.
O pastor Silas Marchiori Tostes, diretor da Missão Antioquia e coordenador da 7ª CBM falou à Ultimato sobre o congresso. Confira a entrevista na íntegra:
Quais as suas expectativas para mais uma edição do CBM?
Silas - Muito boas, pois a programação está bem interessante com participação de missionários experientes, bem preparados que fazem diferença no campo missionário.
Usa-se muito o verbo “despertar” para descrever o efeito que o CBM espera gerar na igreja evangélica no Brasil. A igreja está dormindo?
Silas - A resposta é sim e não. O território brasileiro é enorme. A maioria da população mora perto do litoral, estando separada pelo oceano de outras culturas e línguas. Do outro lado, o Brasil faz fronteira com países de fala espanhola. Isso, de alguma forma, ajudou ao longo dos tempos, os brasileiros a se sentirem isolados e cada vez mais voltados para si e para as realidades brasileiras. Não está naturalmente na veia, no sangue, do evangélico brasileiro olhar para outros povos e culturas, procurando fazer diferença. A expressão bem comum entre os evangélicos brasileiros é “no Brasil tem muitas necessidades”. Esta expressão indica um povo que olha mais para si do que para o mundo. Sendo assim, a Igreja Brasileira precisa de despertamento missionário.
Por outro lado, há uma minoria que já está nas mais diversas culturas e línguas. Por isso, a resposta também precisa ser sim. Possivelmente, por dedução estatística podemos dizer que em torno de 6 mil brasileiros são missionários transculturais. Essa minoria -- 6 mil entre 40 milhões de evangélicos -- nada contra a maré da tradição isolacionista dos evangélicos brasileiros. Porém, o fazem com qualidade por meio de palavras e obras. Basta olhar os mais diversos missionários e projetos das agências missionárias filiadas na Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB). Essas organizações terão seus estandes no 7º CBM.
Quem organiza o CBM é a AMTB, uma associação de agências missionárias. Em sua opinião, está mais difícil ou mais fácil trabalhar junto nos tempos atuais?
Silas - Costumamos fazer melhor juntos pesquisas, consultas, publicação de livros, mobilização missionária, troca de professores. O trabalhar junto em si ocorre aqui e ali, mas as tensões doutrinárias, as denominacionais e a necessidade de preservar a identidade da organização levam, no geral, as ações missionárias a trilharem o caminho da independência. Por outro lado, quanto mais fechado e perigoso for o campo, mas os missionários se ajudam e se apoiam por meio de relações informais. Ou seja, mesmo que não haja acordos formais entre organizações, nas relações informais os missionários expressam unidade a apoio mútuo nos campos, mesmo que não sejam documentados nos relatórios, sites, assembleias.
Você pode nos adiantar algumas estatísticas desta edição do CBM? Número de participantes, cidades e agências representadas?
Silas - Devemos ficar entre 1300 a 1400 participantes. Virão dos mais diversos lugares do Brasil. Ainda não temos um relatório completo.
O tema do 7º CBM é “Realidades Que Não Podemos Ignorar: Sudeste Asiático, Ásia Central, Leste Europeu, Mundo Árabe, Europa, Oeste Africano, Diásporas, Desafios Indígenas, Grupos Sem Testemunho e Desafios Brasileiros”. O que o participante vai aprender sobre estas realidades?
Silas - O certo mesmo é esperarmos as palestras e seminários para sabermos. Serão ministradas por pessoas especializadas por estudos e vivência missionária. Mostrarão a realidade e como os brasileiros podem fazer diferença nesses lugares do mundo. No momento, não podemos adiantar o conteúdo.
O CBM ainda recebe inscrições?
Silas - Sim, podemos chegar a 1.800 inscrições. Veja que a pessoa pode se inscrever de forma avulsa e se hospedar no hotel que quiser em Águas de Lindóia.
Entre os preletores do CBM, está o nome de Christopher J. H. Wright. Por que a escolha do Chris?
Silas - O Chris é o sucessor do John Stott, tanto na Igreja All Souls como na Fundação Langham. Isso mostra o seu calibre. Além do mais, ele foi o teólogo chefe do 3º Congresso do Movimento Lausanne (ocorrido em 2010 na Cidade do Cabo, na África do Sul). Wright é o principal responsável e um dos autores do documento que surgiu a partir do evento “O Compromisso da Cidade do Cabo” – documento este que é referência para os evangélicos no que diz respeito a se envolverem na missão redentora de Deus. Além de teólogo respeitado, Chris é autor de inúmeros livros, entre eles "A Missão do Povo de Deus" e O Deus que eu não entendo. Portanto, as reflexões do Chris contribuirão significativamente, somando-se as reflexões brasileiras, ajudando-nos a desenvolver tanto o nosso pensamento como a nossa ação missionária.