Há quem diga que o dia 1º de abril, amplamente conhecido como o “Dia da Mentira”, é uma data para brincadeiras inocentes envolvendo trotes. De onde surgiu essa ideia? Há inúmeras respostas tentando explicar. Por exemplo: Alguns associam a determinados festivais romanos, outros a uma festa francesa conhecida como “Tolo de Abril” e há muitas outras versões em países onde esse dia é comemorado.
No Brasil, por exemplo, a data se popularizou em Minas Gerais, onde circulou a falsa notícia do falecimento de Dom Pedro II, no dia 1º de abril de 1848, pelo periódico com o nome sugestivo: “A Mentira”.
O engano foi desmentido no dia seguinte, mas desde então, as pessoas passaram a pregar peças e trotes na mesma data, por pura diversão. A brincadeira caiu no gosto popular e se tornou uma tradição. Mas existe algum momento em que a mentira pode ser tratada como algo inocente ou como uma brincadeira?
Três tipos de mentira
O teólogo italiano Tomás de Aquino [1225-1274] diferenciava a mentira em três tipos: a viciosa, que visa enganar por um fim desprezível mesmo; a oficiosa, que visa algum bem, como proteger a vida de uma pessoa; e a jocosa, que visa divertir ou entreter. Essas duas últimas são, na opinião dele, pecado venial, ou seja, não muito graves, mas ainda assim moralmente erradas.
Mentir por brincadeira pode estimular essa ação e contribuir negativamente para a formação do caráter. O simples hábito de mentir pode tornar as pessoas insensíveis à mentira. Uma coisa pode levar à outra, de forma que, não dizer a verdade, pode servir de escape em situações embaraçosas ou para não ferir os sentimentos de alguém.
E a mentira de origem satânica?
De acordo com o líder do movimento JesusCopy, Douglas Gonçalves: “A grande arma de satanás para destruir nossas vidas é a mentira”, disse através de um vídeo publicado em seu canal no YouTube, em janeiro de 2020.
Ele organiza sua exposição nas “quatro principais mentiras”, encontradas na Bíblia, no livro de Gênesis [3.1-7], onde se encontra o relato da queda humana através do pecado original.
Segundo o pastor, a primeira mentira distorce a imagem de Deus, colocando-o como um “estraga-prazer”. Ele enfatiza a mentira de satanás apontando para o próprio texto bíblico: “Foi isto mesmo que Deus disse: Não comam de nenhum fruto das árvores do jardim?” [Gn 3.1].
O diabo começa tentando distorcer o que Deus disse, já que o alerta divino era apenas “não comer do fruto da árvore que estava no meio do jardim”, ou seja, de uma única árvore.
A mentira da religiosidade
A segunda mentira sai da boca da mulher: “Deus disse: Não comam do fruto da árvore que está no meio do jardim, nem toquem nele; do contrário vocês morrerão.” [Gn 3.3]. Douglas aponta para as palavras acrescentadas por Eva — “nem toquem nele” [no fruto]. “Ela exagerou a lei de Deus, ela tornou a lei mais rígida do que era. Essa é a mentira da religiosidade, que torna o fardo mais pesado”, explicou.
A mentira da libertinagem
Douglas prossegue mostrando que a terceira grande mentira saiu mais uma vez da boca de satanás. “Disse a serpente à mulher: Certamente não morrerão! [Gn 3.4]. “Satanás disse que Deus era um mentiroso e que estava escondendo e retendo deles algo bom. Essa mentira entrou no coração de algumas pessoas, que pensam que se obedecerem a Deus completamente, terão uma vida miserável e infeliz”, esclareceu.
“A verdade é que, se você obedecer a Deus em tudo, ao final, você terá o máximo de prazer possível, porque Ele não é um estraga-prazer, Ele é a fonte de todo prazer”, desfez o engano.
“Deus sabe que, no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês serão como Deus, conhecedores do bem e do mal.” [Gn 3.5]
“Olha o que o diabo disse: ‘é preciso comer para ser como Deus’. Essa é a quarta e grande mentira — fazer para se tornar! E essa mentira está muito presente em nossos dias. Você não precisa fazer mais nada, porque você ‘já é’ imagem e semelhança de Deus”, enfatiza. O pastor ilustra com isso a outra face da religiosidade, que impõe ações por parte das pessoas para que sejam abençoadas, como se a bênção necessitasse de uma moeda de troca.
“A religiosidade diz que você precisa ‘fazer’ para ser amado, mas você já é amado. A religiosidade diz que você precisa ‘fazer’ para ser aceito, mas você também já é aceito. Muitas pessoas passam a vida inteira correndo atrás daquilo que já é, e do que já têm”, acrescentou.
“Seja na libertinagem, seja na religiosidade, o caminho será a queda. Essas mentiras de satanás só servem para desviar você do caminho. A verdade está no Evangelho, onde diz que Deus é a fonte de todo prazer, e que a lei de Deus é por amor a nós e para nossa proteção”, frisa e conclui: “Que essas mentiras não tenham mais poder sobre a sua vida e que você tenha uma vida abundante em Deus”, finalizou.