“Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.” Mateus 16:25
Este versículo, palavras da boca do próprio Jesus, nos dá a tônica da vida cristã verdadeira: morte! Sem dúvida, a morte é a maior perda que alguém pode sofrer. Seja em relação a si mesmo ou a um ente querido. Ninguém lida bem com este assunto.
Creio que é tão difícil assimilar perdas e em especial a morte devido a nossa origem não apontar para isso. Deus não nos criou para a morte e sim para a vida! Ele nos fez sua imagem e semelhança, compartilhou atributos tão especiais com o homem e os liberou para a vida debaixo de uma unção de conquista: “crescei, multiplicai, dominai”.
Em nenhuma destas afirmações, o criador sugeriu perda. Porém, a humanidade em Adão e Eva, mesmo tendo tudo à sua disposição, de alguma maneira preferiu trocar o estado de conquistas amparadas por Deus através de sua Palavra por um estado de conquistas baseado na perda. Perder para ganhar foi a opção do homem em sua atitude de abrir mão do certo para tentar o duvidoso. Desta maneira, Deus estabelece um período de restauração do homem que agora implicará em perda. O homem que tinha tudo e não precisava perder para ganhar, agora que preferiu ganhar a sua vida a sua maneira, terá que perder a sua vida (seu estilo de vida caído e pecaminoso) para ganhar de volta a que Deus sempre quis lhe dar a vida eterna.Por isso, que Deus enviou Seu Filho ao mundo. Em Sua morte vicária em forma de homem, Ele nos dá a vida que desde a fundação do mundo havia preparado para que vivêssemos.
A Bíblia através da carta do apóstolo Paulo aos Filipenses, capítulo 2, versos 5 à 11, nos aconselha a termos o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus. Portanto, a atitude de todo aquele que pretende andar pelo caminho da fé em Jesus Cristo é a abnegação. A estrada que leva o coração do ser humano a paz libertadora é a entrega de si mesmo. Não há como estabelecer um relacionamento santo e agradável com Deus e com o próximo sem passar pela cruz. O amor conjugal à luz da Bíblia é fundamentado neste relacionamento sacrificial. Tem que haver entrega de ambas as partes. A Bíblia mesmo diz que, “a mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim a mulher (1 Co 7:4)”. Isso não é entrega total?
Tenho aprendido que tudo o que vale para a família vale para a igreja e vice-versa. Não há distinção de princípios e valores no Reino de Deus. O Reino de Deus não está aqui ou ali. Somos um só corpo, um só povo, uma só cara! Não temos duas vidas! Se você ler o que está escrito na carta aos Efésios nos capítulos 5 e 6 perceberá que não estou exagerando. A vida cristã, na ótica de Deus é entrega.
No evangelho relatado pelo apóstolo João, no capítulo 3, verso 16 temos a revelação máxima do coração de Deus: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Deus amou e deu. Melhor dizendo: amou e deu-Se!
Portanto, a expressão do amor cristão está na doação. Não no objeto dela propriamente dito, mas no sujeito da doação. Ela tem que carregar consigo o coração do doador para que possa produzir a vida que vem de Deus. Se não é obra morta. É por isso que o mesmo apóstolo que relatou o amor incondicional de Deus pelos homens (Jo 3:16) também registrou que este modelo deve ser perpetuado na existência humana: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos.” (1 Jo 3:16). Não existe relacionamento humano sem doação de vida. Ou então não é humano. Até mesmo os seres vivos das várias cadeias ecológicas oferecem sua vida em contribuição aos vários ecossistemas existentes. Portanto, doar-se é viver!
Esta doação é um processo contínuo e gradual. Pouco a pouco, dia após dia, vamos trocando vida uns com outros até que possamos chegar ao momento de viver em toda plenitude o que a bíblia nos diz em Colossenses 1, verso 27: “Cristo em vós, a esperança da glória”. Ou ainda, sermos como o próprio Senhor Jesus orou ao Pai em sua oração sacerdotal descrita no evangelho de João, capítulo 17, versos 21à 23: ”a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim”.
Que cada vez menos o eu prevaleça, para que o nós possa se destacar e mostrar ao mundo a beleza do Corpo de Cristo, que depois de crucificado no madeiro, ressuscitou ao terceiro dia em Glória e Poder conquistando para cada um de nós, os que cremos e o seguimos, a vida eterna!
Pr. Paulo Falçarella
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