A Federação Internacional de Futebol Associação (Fifa) enviou, na última sexta-feira, dia 10 de julho, um ofício à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), afirmando que não permitirá mensagens religiosas em comemorações de jogadores durante suas competições. A instituição internacional que dirige as associações de futebol detectou ter ocorrido "propaganda religiosa no caminho para a tribuna de honra após a seleção vencer a Copa das Confederações".
A medida se dá há menos de duas semanas após a partida decisiva, contra os Estados Unidos, concluída com um culto religioso no centro do gramado, sob a liderança do zagueiro e capitão Lúcio.
Dois dias depois da partida, a atitude da seleção brasileira havia provocado reclamações de entidades filiadas à Fifa. A Associação Dinamarquesa de Futebol pede punições para evitar que isso volte a ocorrer.
Com centenas de jogadores africanos, vários países europeus temem que a falta de uma punição por parte da Fifa abra caminho para extremismos religiosos e que o comportamento dos brasileiros seja repetido por muçulmanos que estão em vários clubes europeus hoje.
Tanto a Fifa quanto os europeus concordam que não querem que o futebol se transforme em um palco para disputas religiosas, um tema sensível em várias partes do mundo. Mas, por enquanto, a Fifa não ousa punir a seleção brasileira.
"A religião não tem lugar no futebol", afirmou Jim Stjerne Hansen, diretor da Associação Dinamarquesa. Para ele, a oração promovida pelos brasileiros em campo foi "exagerada". "Misturar religião e esporte daquela maneira foi quase criar um evento religioso em si. Da mesma forma que não podemos deixar a política entrar no futebol, a religião também precisa ficar fora", disse o dirigente ao jornal Politiken, da Dinamarca.
As regras da Fifa de fato impedem mensagens políticas ou religiosas em campo. A entidade prevê punições em casos de descumprimento. Por enquanto, a Fifa não tomou nenhuma decisão e insiste que a manifestação religiosa apenas ocorreu após a partida. Essa não é a primeira vez que o tema causa polêmica. Ao fim da Copa de 2002, a comemoração do pentacampeonato brasileiro foi repleta de mensagens religiosas.
A Fifa mostrou seu desagrado na época. Mas disse que não teria como impedir a equipe que acabara de se sagrar campeã do mundo de comemorar à sua maneira. A entidade diz que está "monitorando" a situação. E confirma que "alertou a CBF sobre os procedimentos relevantes sobre o assunto".
A entidade alega que, no caso da final da Copa das Confederações, o ato dos brasileiros de se reunir para orar ocorreu só após o apito final. E as leis apenas falam da situação em jogo.