Historiador diz que o Ocidente tem muito o que aprender com os cristãos perseguidos

Entre os alertas dados, destaca- se a forma como a Igreja no Ocidente tem vivido, se tornando “culturalmente insensível”.

Fonte: Guiame, com informações de Christianity TodayAtualizado: terça-feira, 23 de novembro de 2021 às 14:16
Historiador Tom Holland. (Foto: Captura de tela/YouTube/Unbelievable)
Historiador Tom Holland. (Foto: Captura de tela/YouTube/Unbelievable)

A palestra inaugural chamada “Perspectivas” realizada pela Portas Abertas no Reino Unido e Irlanda, contou com a presença do historiador Tom Holland. O evento aconteceu na Biblioteca Britânica, na última quarta-feira (17), em Londres, na Inglaterra. 

De maneira comovente, Holland falou do profundo impacto que é testemunhar, em primeira mão, o sofrimento dos cristãos em outras partes do mundo. 

Questionado sobre a situação dos cristãos ocidentais, ele disse que “é necessário pensar no cristianismo além do Ocidente” e mostrou que há perspectivas que podem ser acessadas para o bem da Igreja global.

Repensando o cristianismo ocidental

“Os ocidentais deveriam repensar o cristianismo”, disse ao comentar sobre as verdades que se destacaram quando ele visitou o norte do Iraque, onde viu cenas devastadoras de perseguição aos cristãos pelo Estado Islâmico (EI). 

De acordo com Holland, o impacto da visita a esses lugares “trouxe à tona todos os tipos de ensinamentos cristãos que havia entendido de forma abstrata”. E os ciclos de perseguição descritos na Bíblia se tornaram mais claros para ele.

Em particular, sua compreensão da crucificação foi transformada ao visitar lugares onde homens Yazidis — comunidade étnico-religiosa curda — foram crucificados pelo EI.

Ver de perto a realidade do mundo, onde a cruz serve como um símbolo de poder para torturar e matar inocentes, é chocante para quem cresceu numa sociedade cristã onde a cruz simboliza o oposto. 

“Para nós, a cruz mostra que o vencedor é o condenado, é ele quem triunfa sobre o estado que o condenou”, disse. Holland reflete sobre a cruz como sendo “o símbolo cultural mais instantaneamente reconhecível” e que não simboliza poder.

“Nos tornamos culturalmente insensíveis”

Para Holland, a Igreja de hoje deveria abraçar o sofrimento, a humilhação e a “estranheza” da crucificação, para voltar à sensibilidade. “Nós nos tornamos culturalmente insensíveis a isso”, disse.

Ele também sugeriu que a Igreja deveria mergulhar mais na dimensão espiritual e sobrenatural da fé cristã. “Eu acho que as igrejas têm que reivindicar tudo o que é mais estranho, mais contra-cultural, mais peculiar”, opinou.

O historiador argumentou que isso poderia ajudar a restabelecer a conexão entre a herança cristã do Ocidente e sua forte ênfase nos direitos humanos, que nasceu numa matriz cristã.

“É necessário um salto de fé para acreditar que existem coisas chamadas ‘direitos humanos’, tanto quanto é necessário um salto de fé para acreditar que o Senhor Jesus Cristo ressuscitou dos mortos. Ambos são crenças”, explicou.

“O sofrimento dos cristãos perseguidos pode nos ajudar”

Ele também citou que as crenças centrais se definem na fé e isso reabre a possibilidade para os secularistas reconhecerem que, de alguma forma, não podem viver afastados da fé, pois é uma necessidade humana.

Voltando à questão de como os ocidentais podem “se recristianizar”, Holland aponta novamente para os cristãos perseguidos. “O sofrimento deles pode nos ajudar”, disse ao citar que é uma inspiração ver que existem pessoas dispostas a sofrer e até morrer pelo nome de Cristo.

E finalizou dizendo que, ainda que esse tipo de pensamento pareça estranho para o Ocidente, é preciso enxergar que também é muito estranha a forma como os ocidentais têm representado a Igreja ultimamente. 

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