As igrejas evangélicas em Cuba vêm experimentando um rápido crescimento após a abertura religiosa, que começou nos anos 1990. A expansão faz com que associações e lideranças evangélicas influenciem a opinião pública e mobilizem cristãos a defenderem seus valores bíblicos.
Recentemente, evangélicos cubanos saíram às ruas para protestar contra o casamento gay e para fazerem leituras da Bíblia publicamente.
Esse tipo de posicionamento pode ser visto no referendo para a redação da Constituição cubana. A Convenção Batista do Ocidente de Cuba foi uma das igrejas evangélicas que apelou ao governo para impedir a aprovação do controverso Artigo 68, que possibilitaria o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Em um documento, assinado pela Liga Evangélica de Cuba, as Convenções Batistas do Oeste e do Leste, assim como a Igreja Metodista e a Assembleia Evangélica da Igreja de Deus, foi afirmado que a “ideologia de gênero” não tem relação com a cultura cubana. O resultado é que não houve a aprovação da proposta na Constituição.
Culto evangélico em Cuba. (Foto: Reprodução/Facebook)
A expansão da igreja cubana se mostra em números de fiéis e em locais para reuniões cristãs. Uma das maiores de Cuba, a Igreja Metodista tem mais de 80.000 fiéis; diversas outras denominações têm ampliado suas atividades com a abertura de centenas de “templo” em todo o país, segundo informações do Nuevo Herald.
Mesmo com esse crescimento, o Partido Comunista Cubano faz forte resistências à influência que os líderes evangélicos vêm exercendo na ilha, especialmente sobre a comunidade cristã.
“O funcionário [do governo] mostrou indignação com a minha mensagem no último domingo, quando falei à igreja [mais de 200 irmãos reunidos] que é um dever cristão votar NÃO na nova Constituição”, escreveu o pastor batista Carlos Sebastián Hernández Armas.
Sonia García García, funcionária do Escritório de Assuntos Religiosos do Comitê Central do Partido Comunista, telefonou a Dariel Llanes, presidente da Convenção Batista do Oeste Cuba, para dizer que “não entende” como é possível que Hernández Armas, que é secretário-geral da Convenção, ocupe posições de responsabilidade na organização.
“Hernández Armas não será tratado adiante como pastor, mas como um contrarrevolucionário”, disse Sonia.
O pastor conta que vem sofrendo perseguição por suas crenças religiosas e pela amizade que tem com outros pastores, como Mario Félix Lleonart e Oscar Elías Biscet, conhecidos líderes da oposição.