Com o título "A bancada evangélica, Direitos Humanos e 'fé e política', o doutor em Ciências da Religião Jung Mo Sung publicou um artigo em que retoma o envolvimento da fé e da religião na política. (Artigo completo)
No início do texto, o autor cita a disputa pela presidência da Comissão dos Direitos Humanos, que conta com a participação da bancada evangélica. Ele também cita o fato de a Comissão ter sido o palco de grande polêmica sob a presidência de Marco Feliciano.
Jung Mo Sung aponta os rumos que a motivação religiosa tomou na política e usa de exemplo igrejas que elegem deputados pastores ou líderes 'leigos' e chegam a controlar partidos políticos.
Para ele, esses fatos só mostram o pluralismo religioso instalado na sociedade. "Em nome de Deus, alguns degolam os inimigos da fé e querem impor teocracia, outros são radicalmente contra casamento de pessoas do mesmo sexo ou o aborto e defendem o sistema de mercado livre, e há também aqueles que defendem os direitos da comunidade LGBT e a superação do capitalismo... Temos diante de nós uma imensa pluralidade religiosa", pondera o teólogo.
E como agir então? No texto, Sung lista algumas alternativas que não teriam bom resultado, como adotar um discurso abstrato a priori da religião; substituir religiões por espiritualidades; reduzir a fé à esfera da vida privada; ou usar a nossa noção de Deus e da missão divina para julgar conflitos, entre outras.
"Penso que não devemos abdicar da relação 'fé/religião e política', mas precisamos repensar seriamente essa relação. E neste processo, devemos entender que a bancada evangélica na Comissão dos DH é movida por uma compreensão religiosa do mundo, por seus valores morais e sua fé", defende o autor.
Jung Mo Sung deixa um alerta ao fato de que é possível discordar da posição de membros da bancada evangélica na Comissão dos DH, mas é preciso entender que por detrás de atuação de cada um deles está a relação 'fé e política'.
"Não há uma solução fácil. Precisamos encontrar um critério ético 'universal' que esteja acima da doutrina concreta das religiões e da diversidade ideológica e das filosofias sociais e que seja capaz de defender os direitos humanos de todas as pessoas", finaliza.
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