Desde o dia 6 de fevereiro, quando o forte terremoto atingiu a Síria e a Turquia, deixando mais de 40 mil mortos, as notícias chegam sobre famílias totalmente destruídas e sobreviventes em busca de socorro.
De acordo com o Global Christian Relief, as pessoas estão desesperadas em busca de um local para dormir e descansar, além de estarem necessitando de alimentos, roupas e remédios.
A organização conta que muitas igrejas estão funcionando como abrigos para aqueles que perderam suas casas. “A cada hora, mais e mais famílias carentes estão batendo nas portas de nossas igrejas”, disse o pastor Ahmed (nome fictício por motivos de segurança).
“Chegaram cerca de 700 novas famílias cujas casas estão completamente destruídas. As pessoas estão procurando abrigo em nossa igreja para fugir do frio e da chuva, pois suas casas estão inabitáveis”, ele explicou ao mencionar que muitos ainda temem os tremores secundários.
‘Igrejas servindo de abrigo’
“Precisamos urgentemente de remédios, comida, cobertores, roupas e combustível [para fazer fogueiras], pois está muito frio, chovendo e nevando. Muitas casas estão desmoronadas”, disse o pastor Younis (nome fictício).
“O povo precisa de ajuda urgente, o governo montou algumas barracas, mas não é suficiente para todos. Em alguns dos campos e casas de refugiados, eles prepararam as igrejas como um abrigo de emergência, onde muitos passam a noite”, mencionou.
“Para que as pessoas possam voltar para suas casas — pelo menos aquelas que foram apenas parcialmente destruídas — serão necessários trabalhos de reparo e reforma”, continuou.
Destruição depois do terremoto. (Foto: Global Christian Relief)
‘Sal da terra e luz do mundo’
Ao socorrer a comunidade ferida e desamparada, as igrejas estão fazendo seu papel de ser sal da terra e luz do mundo, conforme explica a organização.
Muitas igrejas estão funcionando como abrigos e estão sendo convocadas para fornecer suprimentos e itens essenciais para a sobrevivência.
“Nosso coração fica partido ao ver como as pessoas estão sofrendo e o quanto estão necessitadas. Para muitos, levará muito tempo até que possam viver com algum grau de segurança novamente”, analisou o pastor Younis.
Situação na Turquia
Muitas pessoas disseram que estão há muitos dias sem dormir e que não sabem mais o que fazer, não sabem nem como socorrer.
“Estamos tentando ajudar de alguma forma. Mas como você vai cavar uma casa desmoronada com as mãos para salvar as pessoas?”, disse um sobrevivente não identificado.
“Eu não sei o que dizer. Estamos vivendo um inferno aqui, e a cada dia fica pior. Acho que amanhã não haverá mais água potável aqui em Antakya [cidade da Turquia] e arredores”, ele explicou.
“É apenas uma questão de tempo até que as pessoas comecem a invadir casas. Elas entram nas casas e tentam encontrar dinheiro e ouro”, disse.
Destruição depois do terremoto. (Foto: Global Christian Relief)
Como ajudar os sobreviventes do terremoto?
“Não mandem dinheiro, não vai adiantar. Mesmo que você envie um milhão de dólares, não há nada para comprar. Não há mercados, nem comida, nem roupas, nada. Não sobrou nada”, explicou outro sobrevivente.
“A única coisa que se pode fazer é enviar doações como roupas, fraldas para bebês e cobertores. É disso que as pessoas aqui precisam, não de dinheiro. Não podemos fazer nada com dinheiro”, continuou.
“Não sobrou nem combustível. Não podemos mais dirigir um carro. As pessoas andam com garrafas de 5 litros”, relatou ao comentar também que a situação é tão ruim nas ruas que os motoristas gastam três vezes mais com gasolina que o normal.
‘Os tempos são difíceis’
Outros relatos de sobreviventes afirmam que Hatay e Antakya estão totalmente destruídas: “Nós testemunhamos o terremoto, é o mais puro desastre”.
“Em Samandag, onde estamos, 70% das casas simplesmente não existem mais. Todos os mercados foram saqueados e 24 horas após o terremoto. Não temos comida, nem água, nem roupas”.
“Os tempos são difíceis. Nossos parceiros estão ajudando a socorrer mais de 10 mil pessoas, entre elas muitos cristãos perseguidos”, finalizou a organização que pede orações a todos.