
As muitas opções religiosas têm dificuldades com um Deus pessoal. Preferem alguma força impessoal, imagens, objetos, animais e até a transformação do homem na própria divindade. Nada mais adequado ao contexto "pós-moderno". Aliás, uma das ilustrações usadas nos anos 80 para explicar o que seria "pós-moderno" mostra bem essa dificuldade. Duas amigas se encontram num parque. Um delas embala o filho, recém-nascido, num desses indefectíveis carrinhos de bebê. A outra, ao vê-lo, diz admirada: "Que gracinha, que lindo..." Ao que a mãe, buscando sofregamente algo na bolsa, retruca: "Ah! Isso porque você não viu a foto dele, olha aqui..."
Numa época em que os livros de auto-ajuda entopem as livrarias e até mesmo as nossas escolas dominicais, é bom lembrar que os cristãos não fizeram um acordo ou um clube fechado e decretaram o cristianismo único. Não. A singularidade da fé cristã é reivindicada pelo próprio Jesus Cristo (Mt 11.27; Jo 14.6; At 4.12). Além disso, o cristianismo não é um movimento de fraternidade ou uma confraria de idéias interessantes. Sinceridade, misticismo ou moralidade não levam ninguém a Deus. Não basta ter fé, é preciso saber fé em quê.
- Marcos Bontempo