
De uma maneira geral, o amor de Deus por nós é um assunto muito mais seguro para se pensar do que o nosso amor por ele. Ninguém é capaz de cultivar sentimentos de devoção sempre; e, mesmo se fôssemos, é preciso considerar que os sentimentos não são a preocupação principal de Deus. O amor cristão, tanto em relação a Deus quanto em relação ao homem, é uma questão de vontade. Se nós quisermos fazer a vontade dele, teremos de obedecer ao mandamento: “Amarás ao Senhor teu Deus”. Ele nos dará sentimentos de amor se isso for do agrado dele. Nós não somos capazes de criá-los por nós mesmos e não devemos exigi-los por direito. Porém, a grande coisa a lembrar é que, embora os nossos sentimentos sejam inconstantes, seu amor por nós não o é. Ele não se exaure por causa dos nossos pecados ou da nossa indiferença; consequentemente, o amor de Deus é bastante inflexível em sua determinação de que sejamos curados desses pecados, custe o que custar para nós e para ele.
— de Mere Christianity [Cristianismo Puro e Simples]
>> Retirado de Um Ano com C. S. Lewis