O Papa Francisco exortou líderes e políticos católicos a não autorizarem execuções neste ano: "Mesmo os criminosos têm o direito inviolável à vida". A declaração sobre o tema da pena de morte, o pontífice defendeu perante a multidão reunida na manhã do último domingo, 21, na Praça de São Pedro que a pena capital seja abolida em todo o mundo.
"O mandamento de 'não matar' tem valor absoluto e se aplica tanto ao inocente quanto ao culpado", disse. "Eu apelo à consciência daqueles que governam, de forma que um consenso internacional seja alcançado para a abolição da pena de morte", disse o líder da igreja católica.
O Papa continuou com o apelo direcionado a políticos católicos: "Eu proponho a todos aqueles entre vocês, que são católicos, que façam um gesto corajoso e exemplar: que nenhuma sentença de execução seja realizada neste Ano Santo da Misericórdia", pediu.
O Ano Santo da Igreja Católica, que termina em 20 de novembro próximo, está sendo usado para promover os esforços de reconciliação em todo o mundo. Com cerca de 1,2 bilhão de fiéis, a Igreja Católica só mudou sua posição sobre a pena de morte sob o papa João Paulo 2°, que morreu em 2005.
A partir de então, o Vaticano tem apoiado a abolição da pena capital em nível internacional. "Mesmo os criminosos têm o direito inviolável à vida, um dom de Deus", insistiu.
Prisioneiros
Há aproximadamente três anos, desde o início de seu papado, Francisco tem defendido os direitos dos prisioneiros, expressando a sua preocupação de que eles sejam tratados com dignidade.
"Todos os cristãos e todos os homens de boa vontade são chamados a trabalhar não somente pela abolição da pena de morte, mas também para melhorar as condições das prisões, de forma que respeitem a dignidade das pessoas que foram privadas de sua liberdade", afirmou durante seu sermão dominical.
Francisco fez questão de visitar prisões, ao longo de suas viagens pela Itália e outros países. Na semana passada, o papa se encontrou com presos na cidade fronteiriça de Ciudad Juárez, no México, onde apelou para melhores condições carcerárias.
Anteriormente, o pontífice havia condenado a prisão perpétua como uma "pena de morte escondida" e afirmado que era preciso fazer mais em prol da reabilitação de prisioneiros.
Os comentários do papa Francisco antecedem uma conferência internacional sobre a pena de morte, que se inicia nesta segunda-feira, 22, em Roma. O evento é organizado pela Comunidade Sant'Egidio, um grupo católico internacional de defesa da paz e da justiça.