O Papa Francico pediu perdão a protestantes e membros de outras igrejas cristãs por perseguição no passado pelos católicos. O pedido foi feito nesta segunda-feira, 25, durante o anuncio do Vaticano sobre a ida do pontífice a Suécia neste ano para marcar aniversário de 500 anos da reforma protestante. Ele também pediu aos católicos que perdoem aqueles que os perseguiram.
"Não podemos desfazer o que aconteceu, mas também não podemos permitir que o peso dos erros do passado envenenem nossas relações", afirmou.
O Vaticano anunciou que em 31 de outubro, o Papa iria para a cidade sueca de Lund no sul, onde a Federação Luterana Mundial foi fundada em 1947, por um serviço conjunto com luteranos para lançar as comemorações da Reforma que continuará em todo o mundo no próximo ano.
O alemão Martinho Lutero, é considerado como o pai da Reforma Protestante em 1517 com a escrita das 95 teses, além de ter afixado cada uma delas na porta da igreja de Wittenberg, criticando a Igreja Católica pela venda de perdão de pecados em troca de dinheiro.
Em toda a Europa e dentro do Cristianismo seguiu uma violenta divisão, às vezes, política, o que levou, entre outras coisas, à Guerra dos 30 anos, à destruição de mosteiros ingleses e à queima de vários “hereges” de ambos os lados.
Católicos tradicionalistas acusam o papa Francisco de fazer demasias concessões aos luteranos, particularmente em uma “oração comum” que ambas as religiões vão usar durante as comemorações de 2017.
Eles dizem que a oração, que será usada durante a visita do Papa a Lund, elogia excessivamente a Lutero, que foi condenado como herege e excomungado. Mas, Francisco tem feito com que o diálogo com outras religiões seja uma das marcas do seu papado.
Ele já visitou a igreja luterana de Roma, a comunidade protestante Waldensian no norte da Itália, e na sinagoga de Roma. Este ano, ele deverá tornar-se o primeiro papa a visitar mesquita da capital italiana.
Críticas
Enquanto seus antecessores têm visitado igrejas protestantes, Francisco foi alvo de críticas dos tradicionalistas que o acusam de enviar sinais confusos sobre as relações inter-religiosas. Eles também têm contestado orientações emitidas neste mês para a "oração comum".
"A Reforma e Martinho Lutero são repetidamente exaltados, enquanto a Contra-Reforma e os papas e santos do século 16 são passado em silêncio total", disse o blog tradicionalista Borato Caeli. O diálogo teológico entre católicos e luteranos de Roma começou na década de 1960 após o Concílio do Vaticano II. Mas, católicos e luteranos são oficialmente ainda não autorizados a receber a comunhão em serviços uns dos outros.
Quando visitou a igreja luterana de Roma no ano passado, os tradicionalistas atacaram o Papa por sugerir a uma mulher luterana casada com um homem católico que ela poderia decidir por si mesma se poderia tomar a comunhão na igreja do marido.