Biblicamente falando, um líder cristão deve ser irrepreensível, respeitável, prudente, marido de uma só mulher, apto para ensinar, não apegado ao dinheiro, entre outras especificações contidas em 1 Timóteo 3.1-13.
E quanto aos pecados do passado? Será que um homem se torna desqualificado para o cargo de pastor caso seus maiores erros tenham sido na vida sexual? Essa é a dúvida de um jovem que questionou John Piper em seu podcast “Pergunte ao Pastor John”.
“Há cerca de quatro anos, senti um forte desejo de ser pastor em tempo integral. O desejo do meu coração é servir ao Senhor e ao rebanho pelo resto da minha vida. No ano passado, Deus colocou diante de mim tudo o que é necessário para prosseguir, como treinamento no seminário e o apoio de meus presbíteros”, ele iniciou.
“Há apenas uma questão: minha antiga vida de fornicação me desqualifica para o ministério pastoral agora? Eu me arrependi, mas aquela vida estava cheia de pecado. De acordo com 1 Coríntios 6.16, tornei-me uma só carne com a mulher com quem cometi esse pecado. Meu passado pecaminoso me desqualifica para ser pastor hoje?”, perguntou diretamente.
Resposta de John Piper
“Não, não acho que sua fornicação passada o desqualifique para o ministério, não por si só. Haveria desqualificação se fizesse parte do seu caráter a escravidão à sensualidade, pornografia ou falta de autocontrole. Pecados do passado não desqualificam alguém para o ministério, a menos que não haja santificação dessa área no presente”, explicou John Piper.
Ao citar o apóstolo Paulo, o pastor lembrou que ele foi cúmplice do assassinato de Estevão, era líder nos esforços para acabar com o cristianismo através de prisões injustas e que ele mesmo se descreveu depois como o principal dos pecadores.
“Então, Paulo oferece sua própria experiência de misericórdia como um exemplo que eu acho que se estende a uma pessoa que pode não ter cometido um assassinato, mas que cometeu fornicação. Esse é o meu primeiro argumento”, disse Piper.
‘Paulo falou do casamento’
Ao considerar a pergunta do jovem ouvinte, Piper refletiu sobre seu questionamento: “Ele quer saber se pode ser considerado ‘homem de uma só mulher’ (mesmo sendo solteiro) porque cometeu fornicação”.
O teólogo leva em conta a tradução bíblica que pode confundir as pessoas e mostra que é diferente dizer “marido de uma mulher só” do que dizer “homem de uma mulher só”.
“Paulo estava falando do casamento e do marido ser fiel à sua esposa e não cometer adultério”, explicou ao alertar para o fato de que a tradução “homem de uma mulher só” pode levar os solteiros a pensar que podem fornicar desde que seja com uma única namorada.
‘Podemos ser salvos de nossos pecados’
O que a Bíblia enfatiza é que os líderes cristãos não podem ter envolvimento com imoralidade sexual à luz das Escrituras. Conforme Piper, o apóstolo não estava tratando a fornicação como uma espécie de casamento.
“Não há nenhuma aliança formada com uma prostituta, e é exatamente isso que torna a semelhança sexual com o casamento tão imoral e espiritualmente feia.
“Mas o nosso jovem amigo arrependido e transformado não deve usar 1 Timóteo 3.2 e achar que foi excluído do presbitério”, disse ao citar 1 Coríntios 6.9-11, onde diz que os imorais não herdarão o Reino de Deus, mas que os que foram lavados, santificados e justificados no nome de Jesus sim.
“Por isso, eu digo ‘louvado seja Deus’ porque qualquer um de nós pode ser salvo de nossos pecados. Portanto, minha conclusão é que os presbíteros da igreja desse jovem devem avaliar cuidadosamente e biblicamente suas qualificações para o ministério e não deixar que o pecado passado de fornicação seja decisivo para excluí-lo”, concluiu.