Cerca de 140 alunos de uma escola batista foram sequestrados por homens armados no estado de Kaduna, no noroeste da Nigéria, na madrugada de segunda-feira (5). Os sequestradores invadiram os muros e levaram os estudantes sob a mira de armas.
Segundo o site Morning Star News, a suspeita é que o ataque tenha sido feito por pastores Fulani — grupo conhecido por atacar vilas para saquear gados e fazer sequestros em troca de resgates na Nigéria. Desde o início do ano, no entanto, eles têm tido como alvo as escolas e faculdades do país.
Havia 165 alunos no Colégio Betel Batista, que passavam a noite no internato. “Os sequestradores levaram 140 alunos, apenas 25 escaparam. Ainda não temos ideia para onde os alunos foram levados”, disse à AFP o professor Emmanuel Paul.
O porta-voz da polícia de Kaduna, Mohammed Jalige, confirmou o ataque, mas não deu detalhes sobre o número de alunos levados. “Equipes táticas da polícia foram atrás dos sequestradores”, disse ele. “Ainda estamos na missão de resgate.”
A Betel Batista é uma instituição de ensino estabelecida pela Igreja Batista em 1991 na vila de Maramara, no distrito de Chikun, fora da capital do estado, Kaduna.
O ataque de segunda-feira foi o quarto sequestro em massa, realizado em uma escola, desde dezembro no estado de Kaduna.
O pastor batista Joseph Hayab, presidente da Associação Cristã da Nigéria (CAN) em Kaduna, disse que seu filho estava entre os que escaparam por pouco.
“Os bandidos armados sequestraram muitos alunos; agora estou sem palavras”, disse o pastor ao Morning Star News. “A escola é um ministério educacional da minha igreja. Esta é uma situação muito triste para nós.”
Um morador da região, Vincent Bodam, relatou que os pais e cristãos correram para a escola e estavam chorando e orando pelo resgate dos alunos. Omonigho Stella, outro morador, disse: “Por favor, vamos orar pela intervenção divina”.
“Foi o ataque mais sério e a maior tragédia que impactou a comunidade batista na Nigéria”, disse ao Christianity Today o CEO da Aliança Batista Mundial, Elijah Brown. “Eu concordo com as palavras de um líder batista de Kaduna: ‘Nossa igreja está sofrendo muito.’”
Onda de ataques Fulani
Cerca de 1.000 estudantes foram sequestrados em diferentes estados da Nigéria desde dezembro do ano passado. A maioria foi libertada após negociações com autoridades locais, embora alguns ainda estejam em cativeiro.
A Nigéria liderou o mundo em número de cristãos sequestrados no ano passado, com 990 pessoas detidas. No mapa da perseguição da Portas Abertas, a Nigéria entrou no top 10 pela primeira vez, subindo do 12º lugar para a 9ª posição.
Formado por milhões de membros na Nigéria e no Sahel, os Fulani são predominantemente muçulmanos. Embora a grande maioria não seja adepta ao extremismo, alguns grupos aderem à ideologia islâmica radical, informou o Grupo Parlamentar Multipartidário do Reino Unido para a Liberdade ou Crença Internacional (APPG).
“Eles adotam uma estratégia comparável a do Boko Haram e ISWAP (Braço do Estado Islâmico na África Ocidental) e demonstram uma intenção clara de atingir os cristãos e símbolos poderosos da identidade cristã”, afirma o relatório do APPG.
Os líderes cristãos na Nigéria acreditam que os ataques dos pastores Fulani contra as comunidades cristãs são motivados pelo desejo de tomar as terras dos cristãos à força e impor o Islã.
Em dezembro de 2020, o Departamento de Estado dos EUA adicionou a Nigéria à sua lista de Países de Preocupação Particular por tolerar “violações sistemáticas, contínuas e flagrantes da liberdade religiosa”. Na lista, a Nigéria se juntou a países como China, Eritreia, Irã, Coreia do Norte, Paquistão, Arábia Saudita, Tajiquistão e Turcomenistão.