O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, defendeu o direito das igrejas de orar por homossexuais que estão questionando sua sexualidade, em meio à proposta de proibir o que é chamado por ativistas LGBT de “terapia da conversão”.
A declaração de Johnson vem em resposta à Aliança Evangélica (EA), que levantou preocupações sobre a possibilidade dos cristãos serem processados, caso a lei sobre o tema fosse alterada.
O premiê britânico disse à Aliança Evangélica que todas as pessoas podem ter “apoio pastoral”, incluindo “oração em igrejas” para tratar sobre sua orientação sexual.
Ele ainda destacou que leva “a liberdade de expressão e a liberdade de religião muito a sério”. “Como vocês, não quero ver o clero e os membros da igreja criminalizados por atividades normais e não coercitivas”, disse.
O governo do Reino Unido anunciou que iria proibir a terapia de conversão em 2018. Em julho do ano passado Johnson deu apoio à iniciativa, chamando a prática de “absolutamente abominável”.
Em dezembro de 2020, mais de 370 líderes religiosos de todo o mundo, incluindo o arcebispo anglicano Desmond Tutu, uniram forças em uma declaração de apoio à proibição da terapia de conversão.
Mas no mês passado, a Aliança Evangélica protestou com Johnson que a proibição da terapia de conversão impediria os pastores de pregar os princípios bíblicos sobre sexualidade.
A Aliança Evangélica disse que uma nova lei anti terapia de conversão colocaria em risco a liberdade de expressão e religião, e não seria efetiva para prevenir práticas abusivas.
Pedido de igrejas
Em meio ao debate sobre o tema no governo, o diretor da Aliança Evangélica, Peter Lynas, que representa igrejas protestantes no Reino Unido, enviou uma advertência a Johnson.
“Uma definição abrangente da terapia de conversão, e uma proibição ao longo dessas linhas, colocaria os líderes da igreja em risco de processo quando pregam sobre textos bíblicos relacionados ao casamento e sexualidade”, disse Lynas. Ele destacou que as igrejas evangélicas se opõem às “práticas abusivas” no processo de aconselhamento de homossexuais, mas “as propostas para acabar com a terapia de conversão não devem impedir as pessoas de buscar e receber apoio para viver uma vida casta”.
Lynas ainda acrescentou: “Ironicamente, aqueles que pedem a proibição estão promovendo políticas que discriminam pessoas com base em sua sexualidade — impedindo alguém que é gay de acessar o aconselhamento disponível para uma pessoa heterossexual”.
O governo ainda não revelou o escopo do projeto de lei para banir a terapia de conversão, embora uma lesgilação possa ser aprovada no Parlamento ainda este ano.