Uma casa de acolhimento para mulheres criada por um pai de santo foi denominada como “Igreja” da Pombagira, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A inauguração do local aconteceu no último sábado (11).
Conhecido como "bruxo Malagueta", o líder ocultista construiu o lugar para acolher mulheres, incluindo as vítimas de violência doméstica ou situações de abuso.
Embora o espaço possua imagens de entidades de religiões de Matriz Africana, a casa foi chamada de “Igreja” – um termo restrito às organizações eclesiásticas do cristianismo, incluindo igrejas evangélicas, protestantes, católicas e do cristianismo oriental.
A arquitetura do lugar tem características de um templo católico e as estátuas das pombagiras foram colocadas em altares nas paredes com o nome de santas – por exemplo, “santa” Maria Padilha.
Apropriação da cultura cristã
A “Igreja” da Pombagira recebeu críticas nas redes sociais por se apropriar da cultura cristã e dos termos cristãos.
“Igreja só existe a que Jesus nos deixou”, escreveu um usuário, nos comentários de um vídeo anunciando a construção do local, publicado pelo influenciador Vinicius da Ilha no Instagram.
Outra internauta afirmou: “Deus está mostrando as obras de Satanás que antes vivia oculta, estamos vivendo os últimos dias aqui na terra. Eu e minha família serviremos ao Senhor e as portas do inferno não há de prevalecer contra a nossa escolha”.
Segundo o bruxo, o objetivo de criar uma igreja, e não de um templo ou terreiro, foi para afastar a conotação negativa atribuída à pombagira. A entidade é uma figura dominadora, conhecida pelo apelo à imoralidade sexual.
A igreja surgiu da ideia de ter um local de acolhimento para mulheres, juntamente com a vontade de ter uma igreja que pertencesse à religião que eu pratico. Igrejas existem muitas, mas da Pombagira uma só”, afirmou o pai de santo.
E alegou: “Pombagira é a representação da mulher empoderada, que irá dar força para estas mulheres que passaram por situações de abuso".
O Bruxo Malagueta, de 31 anos, é filho da mãe de santo Michelly da Cigana, que instalou uma estátua de Belzebu em frente à sua casa e construiu um cemitério para fazer rituais a exus e pombagiras.