O governo do presidente sírio Bashar al-Assad perdeu o controle de Alepo, a segunda maior cidade do país, pela primeira vez desde o início do conflito na Síria, informou uma ONG neste domingo (1º).
A cidade de Alepo foi tomada e atacada por guerrilheiros extremistas islâmicos sírios do Hayat Tahrir al-Sham (HTS), noite de sexta-feira (29/11).
O grupo de oposição apoiado pela Turquia, chegou ao centro de Alepo após ataque inesperado e bem-sucedido, que resultou em um êxodo de civis da cidade.
Em resposta, forças sírias e russas lançaram 23 ataques aéreos na região de Idlib. O HTS, formado por ex-combatentes do antigo braço sírio da Al Qaeda, lidera a oposição síria e recebeu apoio de rebeldes turcos na ofensiva.
Impacto nas atividades cristãs
Segundo a Portas Abertas, a ação terrorista causou impactos negativos nas atividades dos parceiros locais e nas igrejas parceiras na Síria.
A investida dos rebeldes deixou os cristãos em Alepo mais uma vez com medo, após anos de guerra e, mais recentemente, os impactos dos terremotos.
Diversos treinamentos planejados pela organização na cidade para as próximas semanas precisarão ser cancelados devido ao ataque, informa a Portas Abertas.
Conforme fontes locais, “os rebeldes tomaram grande parte de Alepo. Eles divulgaram vídeos dizendo que não pretendem prejudicar os civis e decretaram um toque de recolher até as 8h de sábado, 30 de novembro”.
“Uma fonte me disse que a boa notícia é que agora há mais eletricidade. Parece que os rebeldes assumiram a central de distribuição de eletricidade e deram mais horas de energia elétrica às pessoas junto a uma mensagem de que não pretendem prejudicar os civis”, conta outro contato.
Assim como no restante da Síria, as pessoas em Alepo estavam acostumadas a ter apenas algumas horas de eletricidade por dia, devido à crise econômica provocada pela guerra.
Cristãos sem ter para onde fugir
A garantia de energia não traz segurança nem esperança para os cristãos em Alepo, diz a Portas Abertas.
“As pessoas estão com medo. Falei com cinco pessoas que não conseguiram sair da cidade. Elas estão com medo e não confiam no que os rebeldes dizem, mas não têm escolha a não ser ficar em suas casas e esperar pelo melhor”, relata o contato local.
A Síria ocupa a 12ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2024 e enfrenta perseguição extrema contra cristãos.
A Portas Aberta lançou pedidos de oração pela Síria e pelos cristãos em Alepo, para que não haja mais derramamento de sangue.
“Interceda pela segurança de nossos irmãos e irmãs em Cristo na região. Clame pelo trabalho de nossos parceiros na Síria, que têm enfrentado impacto direto do conflito”, pediu a organização.
Ataques sírios e russos
O HTS e outras facções apoiadas pela Turquia nomearam sua ofensiva, que começou na quarta-feira (27/11), de “Repelindo a Agressão”.
É uma resposta aos bombardeios incessantes do exército sírio e seus aliados nas áreas controladas pelo HTS na cidade de Idlib e seus arredores nas últimas semanas. Eles consideram que o governo sírio quebrou a trégua que estava em vigor há quatro anos e essa ofensiva é uma resposta a isso.
Segundo agências de notícias, cerca de 50 vilarejos foram tomados pela milícia na Síria nos últimos dias, seguindo o avanço que começou na fortaleza do grupo em Idlib. Os rebeldes também controlam parte da rodovia que conecta Alepo com Hama, Homs e Damasco.
Em resposta, forças sírias e russas intensificaram os bombardeios na região de Idlib, visando posições insurgentes. No domingo, 1º de dezembro, ataques aéreos russos e sírios atingiram a cidade de Idlib, controlada pelos rebeldes, resultando em pelo menos sete mortes e múltiplos feridos.
Pelo menos 25 pessoas foram mortas no noroeste da Síria em ataques aéreos conduzidos pelo governo sírio e pela Rússia, conforme informou o serviço de resgate da oposição síria, conhecido como Capacetes Brancos, nesta segunda-feira (02).
Moradores relataram que um ataque atingiu uma área residencial densamente povoada no centro de Idlib, a maior cidade de um enclave rebelde próximo à fronteira turca, onde cerca de quatro milhões de pessoas vivem em tendas e moradias improvisadas. Pelo menos sete pessoas morreram e dezenas ficaram feridas, segundo equipes de resgate no local.
O exército sírio e seus aliados afirmaram que os bombardeios tinham como alvo esconderijos de grupos insurgentes e negaram ataques a civis.
Em 2016, o grupo foi expulso de Alepo. Desde então, essa é a primeira luta desse nível na região.