O Vaticano anunciou no sábado (15) que o Papa Francisco, de 88 anos, autorizou um novo processo de três anos para discutir reformas na Igreja Católica em escala global.
A iniciativa aconteceu mesmo enquanto o pontífice enfrenta uma batalha contra uma pneumonia dupla, que o levou a ser internado em 14 de fevereiro.
Francisco expandiu o alcance do Sínodo dos Bispos, uma das principais marcas de seu papado de 12 anos, promovendo debates sobre reformas, como a inclusão de mulheres no papel de diaconisas católicas e a ampliação da participação de pessoas LGBT na Igreja.
O sínodo, após conduzir uma cúpula inconclusiva de bispos no Vaticano sobre o futuro da Igreja em outubro passado, iniciará agora um processo de consultas globais com católicos ao longo dos próximos três anos, culminando em uma nova cúpula planejada para 2028.
De acordo com o Vaticano, Francisco aprovou o novo processo de reformas na terça-feira, em meio ao tratamento no hospital Gemelli, em Roma.
O papa está internado há mais de um mês, e sua ausência prolongada dos compromissos públicos tem gerado especulações sobre a possibilidade de ele seguir o exemplo de seu antecessor, Bento XVI, e abdicar do papado.
Amigos e biógrafos do papa afirmam que ele não tem intenção de renunciar. A recente aprovação de um novo processo de três anos reforça sua determinação em seguir no comando, mesmo diante de sua idade avançada e do longo e desafiador processo de recuperação da pneumonia, agravado por outras condições de saúde.
"O Santo Padre está ajudando a impulsionar a renovação da Igreja em direção a um novo impulso missionário", disse o Cardeal Mario Grech, responsável pelo processo de reforma, ao veículo de comunicação do Vaticano. "Isso é realmente um sinal de esperança."
Deixar a igreja 'atualizada'
Francisco, que ocupa o papado desde 2013, é amplamente reconhecido por seus esforços em aproximar a tradicional Igreja global do mundo moderno. Pelo mesmo motivo, o papa também tem recebido críticas da cúpula conservadora católica.
A nova agenda de reformas do papa gerou descontentamento entre alguns católicos, incluindo cardeais de alto escalão, que o acusam de enfraquecer os ensinamentos da Igreja em temas como casamento entre pessoas do mesmo sexo, divórcio e recasamento.
Massimo Faggioli, um acadêmico americano que tem observado de perto o papado, afirmou que o novo processo de reforma é uma forma do Papa reafirmar sua posição como líder dos 1,4 bilhão de católicos em todo o mundo.
"O pontificado de Francisco ainda não terminou, e essa decisão que ele acaba de tomar sobre o que acontecerá entre agora e 2028 terá impacto no restante (do pontificado)", afirmou Faggioli, professor da Universidade Villanova.
Após a cúpula inconclusiva realizada no Vaticano em outubro passado, que não resultou em ações concretas sobre possíveis reformas, surgiram questionamentos sobre a força e a continuidade do papado de Francisco.
Na ocasião, autoridades do Vaticano afirmaram que Francisco ainda analisava possíveis mudanças futuras e aguardava a entrega de 10 relatórios sobre reformas previstas para junho.
De acordo com os boletins médicos mais recentes do Vaticano, o estado de saúde do Papa no hospital tem apresentado melhora, e ele não enfrenta mais risco iminente de morte.
Não foi informado quando o Papa receberá alta do hospital.
‘Deus os julgará’
O evangelista Franklin Graham foi contra a decisão do Papa Francisco, quando o pontífice aprovou uma medida para permitir que padres católicos romanos ofereçam bênçãos a casais do mesmo sexo.
Na época, Graham destacou que tais “bênçãos” não irão “salvá-los do julgamento de Deus”.
“As chamadas ‘bênçãos’ dos líderes religiosos não irão salvá-lo do julgamento de Deus”, escreveu o evangelista, presidente da Associação Evangelística Billy Graham e da missão Samaritan’s Purse.
“O Papa Francisco aprovou agora que os padres católicos abençoem casais do mesmo sexo. Mas nenhum de nós, incluindo o Papa, tem o direito de ‘abençoar’ o que Deus chama de pecado”, acrescentou.
Na publicação, Franklin citou o texto bíblico em Isaías 5:20: “Ai dos que chamam ao mal, bem e ao bem, mal, que fazem das trevas luz e da luz, trevas, do amargo, doce e do doce, amargo”.