Midsi Sanchez foi sequestrada no dia de seu aniversário de oito anos, enquanto voltava da escola, nos Estados Unidos. No caminho de casa, ela encontrou um homem que pediu ajuda.
“Ele me pediu para pegar um pedaço de fita adesiva que estava no chão do carro dele, porque tinha quebrado o quadril em um acidente de bicicleta e não conseguia se curvar. Meus pais sempre me ensinaram a ser gentil, generosa e prestativa, então ajudei”, disse ela à CBN News.
Quando Midsi estendeu a mão para pegar a fita, o homem a forçou a entrar no carro: “Tentei abrir a porta e parecia que ela estava emperrada. Não consegui abrir a porta por dentro. Ele me disse que se eu tentasse fugir, ele atiraria em mim e eu acreditei nele”.
Nos dois dias seguintes, o sequestrador a forçou a beber bebidas alcoólicas e abusou sexualmente dela.
“Isso quebrou meu coraçãozinho, porque percebi que ninguém iria me salvar. Lembro de me sentir tão suja e muito cansada”, relembrou a jovem.
No terceiro dia, Midsi lembrou de uma conversa que teve com seu tio, em que ele a ensinou a orar: “Eu sabia que ia morrer e isso me fez orar. Eu disse: 'Senhor, me perdoe por incomodar minha irmã mais velha e deixe minha família saber que eu os amo. Amém’”.
Segundo ela, depois disso, o sequestrador a deixou sozinha no carro e ela escapou. Um motorista de caminhão chamou a polícia e eles levaram Midsi de volta à sua família.
O sequestrador, que confessou ter matado outras dez meninas, foi preso e após ser condenado, morreu na prisão.
Lidando com a dor
Embora Midsi estivesse segura, ela lidou com muitas questões emocionais e psicológicas.
“Eu só queria me esconder. Eu não queria falar sobre o que aconteceu comigo porque senti que ninguém sabia ou entendia. Eu não conseguia mais me olhar como uma criança e isso quebrou meu espírito. Sempre estive triste, deprimida, preocupada”, afirmou ela.
No ensino médio, Midsi começou a beber e usar drogas para aliviar a dor. Aos 14 anos, ela estava viciada em álcool.
“Eu nunca quis deixar ninguém chegar perto o suficiente de mim para me machucar novamente. Por muitos anos, minha vida girou em torno de álcool, cocaína, ecstasy, brigas de gangues e ser presa. Eu não acreditava que havia nada de bom neste mundo. Eu tinha muita raiva dentro de mim”, contou Midsi.
Aos 16 anos, Midsi ficou sabendo que uma outra menina de 8 anos estava desaparecida e se sentiu na obrigação de ajudar. Ela organizou buscas e compartilhou sua própria história para aumentar a conscientização das pessoas.
No entanto, quando o corpo da menina foi encontrado dias depois, a dor de Midsi aumentou. Mesmo após o nascimento de sua filha, no ano seguinte, ela não teve forças para viver de forma saudável.
Liberdade em Cristo
Um dia, a mãe de sua melhor amiga a convidou para ir à igreja. Nesse momento, ela experimentou uma transformação de vida.
“Eu não sabia o que esperar, mas fui ao altar porque queria entregar a minha vida a Jesus. Senti a presença de Deus me dominar. E naquele momento, eu sabia que o poder do Senhor era real”, testemunhou a jovem.
A partir desse dia, Midsi dedicou sua vida a Cristo. Porém, ela ainda tinha muitas feridas do passado. Enquanto passava tempo lendo a Bíblia e sendo discipulada por seus pastores, ela aprendeu sobre a importância do perdão.
“Eles me ensinaram que minha cura dependia de quão bem eu perdoo e peço perdão. Isso mudou minha vida, porque eu estava segurando muita amargura e falta de perdão pelas pessoas que me machucaram. Durante toda a minha vida, várias pessoas me disseram que eu não precisava perdoar o homem que me sequestrou e estuprou”, lembrou ela.
Então, através de uma reunião de oração e libertação com seus pastores, ela contou: “Eles chamavam as coisas pelo nome: raiva, abuso, trauma. Eu senti um demônio sair do meu corpo. Senti o fogo de Deus tomar conta de mim. Me arrependi e pedi a Deus que me perdoasse por todas as coisas más que fiz devido à minha raiva e amargura”.
E continuou: “Perdoei o homem que me sequestrou pelo que ele fez comigo. Depois disso, eu estava alegre e tive paz. Isso mudou minha vida. Nunca mais fui a mesma”.
Agora, Midsi está livre para cumprir o propósito de Deus em sua vida. Ela criou a “Fundação Midsi Sanchez”, uma organização sem fins lucrativos, para ajudar crianças desaparecidas e abusadas sexualmente.
“Antes eu era a garota sequestrada. Agora, minha identidade está em Cristo. Foi somente através de Jesus que consegui remover toda aquela amargura do meu corpo, da minha mente e do meu coração. Entreguei a Deus toda a minha raiva e Ele me deu paz. Ele me deu liberdade”, concluiu ela.