Na última quarta-feira (4), o cantor e compositor Leonardo Gonçalves concedeu uma entrevista exclusiva ao Guiame, durante a Expoevangélica 2018. Durante o bate-papo transmitido ao vivo pelo Facebook, o cantor e compositor teve a oportunidade de esclarecer questões polêmicas e complexas, como rótulos impostos sobre músicos, pagamento de cachês e até mesmo idolatria no meio gospel.
Quando questionado sobre a rotulação que ocorre dentro do meio gospel sobre uma possível exigência de se falar especificamente sobre Jesus e também a banalização do termo "gospel", Leonardo destacou que a rotulação é inevitável.
"Todo artista, quer seja ele cristão ou não, só tem uma chance de dar realmente certo: ele sendo ele mesmo. Do mesmo jeito que Paulo fala que existem muitos membros, cada músico tem uma função diferente cumprida no reino de Deus", destacou.
"É como Paulo disse também em 1 Corintios 13: 'Hoje eu vejo em parte, mas em breve verei face a face como sou visto hoje. Então eu vejo uma parte, a Priscilla Alcantara vê outra parte, os Arrais vêem outra parte e nem a junção de todas as partes vai dar o todo, porque Deus é inesgotável", acrescentou.
Cachê
Respondendo a uma questão polêmica colocada em pauta, o cantor reconheceu que é possível haver abusos na cobrança de cachês por parte de bandas ou cantores, mas também há muitos que reclamam de valores e não imaginam os custos de um evento.
"Eu propus uma coisa na minha vida: sempre que me fizerem uma pergunta de verdade, vou dar uma resposta de verdade. Sobre este assunto existem sempre dois lados, ou mais do que dois lados da mesma história”, disse.
Além disso, também questionou a motivação de igrejas que exigem a presença de cantores “famosos” em seus cultos.
“Por exemplo, a pessoa que faz a minha agenda, o Tiago Grulha, que também é cantor… às vezes liga um ou outro para ele e questiona: ‘Ah! Como é que vai cobrar, vai pedir oferta? [...] Mas não é para louvar?’ Aí tem duas abordagens que ele usa: ‘Ah! É para louvar? Então tem outros cantores aqui que cobram a metade. Chama ele’. Aí a igreja não quer. Por que será? Será por que as músicas de um cantor são mais conhecidas?”, questionou.
“Que diferença faz se a obra é do Espírito Santo? Se sou eu, o Fernandinho ou um cantor menos conhecido? Qual o interesse real por detrás?”, acrescentou
“Idolatria?”
Respondendo a uma pergunta enviada por internautas sobre idolatria, Leonardo explicou que é preciso sempre recorrer ao conceito bíblico nessas questões.
“Acho engraçado esse conceito de idolatria. Vamos pegar o conceito bíblico de idolatria: é você colocar alguém no lugar de Deus. Aí muitas vezes com cantores evangélicos, o povo vê as pessoas gritando, assobiando para um cantor evangélico, isso é idolatria. Então se colocassem Jesus ali naquele estaria certo, é isso? A mulherada gritando e assobiando para Jesus, pode ou não pode? Não faz sentido! Ou seja, não é idolatria”, alertou.
“Eu não estou dizendo que é certo, mas idolatria não é. Porque nem se fosse Jesus, um monte de mulher gritando, de gente se empurrando... não, entendeu? Então vamos entender: isso foi uma manifestação do ser humano”, lembrou.
O cantor até confessou que ele mesmo admira determinados artistas e gostaria muito de registrar o encontro com algum deles, caso isso aconteça e não sente que isso seria idolatria.
“Eu gosto de desconstruir as coisas, porque isso me ajuda a entender a humanidade das coisas. [...] Um cantor que eu goste, que eu já ouvi por centenas de horas as músicas dele, que já me ajudaram em momentos difíceis, quando eu encontrar com esse cantor, vou ter um sentimento, porque ele não me conhece, mas ele já passou centenas de horas comigo, sendo a trilha sonora da minha vida. Então se eu tiver a oportunidade de falar com um cantor que eu goste, eu vou querer”, disse.