Quarteto Gileade: Irreverência na música tradicional

Quarteto Gileade: Irreverência na música tradicional

Fonte: Atualizado: segunda-feira, 31 de março de 2014 às 11:52

Primeiro e segundo tenor, um barítono e um baixo. Essa seria a formação característica de um quarteto, não fosse a irreverência musical de seus integrantes, inspirada nos grupos americanos, e a voz intensamente grave do baixo. Marcos Simei Rosa Cardoso - 1º tenor; Nivaldo da Silva - 2º tenor; Jabes Pires Rosa - barítono; e Aluísio Joaquim dos Santos Júnior - baixo, formam o Quarteto Gileade.

Goianos há 22 anos na estrada e nove CDs gravados, os integrantes do Quarteto Gileade falam, em entrevista ao GUIAME.com.br , sobre o estilo musical que seguem e a recepção das igrejas, abordam sua trajetória e mostram que existe mais do que solos na Assembléia de Deus e música sertaneja em Goiás.

Guia-me: São 22 anos de louvor. Como surgiu essa história? Vocês eram membros da mesma igreja?

Jabes (barítono): Nós fomos criados juntos na igreja, somos da Assembléia de Deus, de Rio Verde, Goiás. Desde criança já cantávamos na igreja, crescemos, começamos a cantar no grupo de jovens. Depois fomos para o coral, e para esse estilo clássico. Nós começamos a ouvir quartetos brasileiros, isso em 1986, depois passamos a ouvir alguns quartetos americanos também, que são os melhores, e começamos a nos espelhar neles.

Aí a chaminha no coração foi acendendo, ainda no final da adolescência, com 15, 16 anos. Começamos assim, como eu falo, brincando, cantando na igreja, mas já era um projeto de Deus. Aumentou o desejo, o interesse em conhecer mais sobre o estilo de quarteto, voz masculina, isso foi evoluindo e o campo de trabalho foi se ampliando.

Guia-me: Vocês mantêm a formação inicial?

Jabes (barítono): Só depois de alguns anos é que tivemos que trocar um componente, porque foi crescendo o trabalho, agendas, gravações e viagens. Tínhamos outro baixo, que é primo nosso, e não era o projeto dele, tinha outro ministério, foi ser vereador, inclusive é pela 4ª vez. Veio então outro, o Junior, pernambucano, nós somos de Goiás. Junior veio para o Quarteto Gileade só para cantar. Aí são 22 anos de ministério, sempre com o mesmo estilo, mesmo desejo, mesma vontade, mesma característica.

Guia-me: Hoje vocês dedicam-se somente à música?

Jabes (barítono): Dos 22 anos de existência, sete somente à música. Deixamos todo o nosso trabalho. Todo mundo tinha trabalho secular, sua profissão, mas deixamos para seguir um chamado de Deus para nossa vida e o desejo do nosso coração, que se sincronizaram e tem dado certo, graças a Deus. A cada dia um passo.

Guia-me: E como, na opinião de vocês, as igrejas recebem os quartetos hoje?

Jabes (barítono): A gente tem visto, experiência nossa, que mesmo com os 22 anos de ministério, o Brasil é muito grande e têm pessoas que já ouviram falar no Quarteto Gileade, mas não sabem como é o estilo e nunca nos ouviram cantar pessoalmente, nenhum CD, nenhuma música. Primeiro porque antigamente, quando se falava em quarteto, tinham os mais tradicionais, e a gente veio mais com uma linha americana, que tem um estilo mais alegre, que traz uma capela, que faz os instrumentos na voz. Um estilo mais animado e com o qual a igreja às vezes não está acostumada. É um detalhe, um diferencial, que a gente tem notado que as igrejas têm gostado e têm abraçado.

Guia-me: O Quarteto Gileade tem um longo caminho, mas como você disse, muitas pessoas ainda não conhecem o trabalho. Por que, em sua opinião isso acontece? Falta divulgação do estilo?

Jabes (barítono): Quartetos, na verdade, são poucos os que vivem profissionalmente no Brasil. Hoje o que a gente mais conhece somos nós, o Arautos do Rei, que é da Adventista. E a gente não conhece outros que vivem por conta. Então a divulgação dos que existem é pequena, de gente que está na obra, vivendo profissionalmente, é pequena. Não é fácil, você tem que chegar devagar. De passo a passo a gente tem galgado e conseguido alcançar o objetivo.

O quarteto não agrada somente uma faixa etária ou uma denominação, todas as igrejas gostam, e a gente tem esse carinho e tem pensado bastante nos nossos CDs para trazer vários estilos. Nós temos um CD só à capela, em ritmo africano; um CD só de hinos tradicionais, da Harpa e Cantor Cristão; e outros mais alegres. São estilos que a gente faz para todo mundo, para várias faixas etárias. Músicas, como por exemplo, Jonas, que cantamos para crianças. Nosso próximo CD vai ser um álbum infantil.

Guia-me: O Quarteto costuma brincar bastante entre si e com o público durante a apresentação. Esse é um diferencial do Gileade?

Jabes (barítono): É, muito diferente de quartetos antigos, tradicionais, que seriam mais clássicos. A gente puxa um pouco o exemplo dos americanos, que são mais alegres, e tenta transmitir a mensagem. Não somente com palavra, mas com objetivo de ânimo, de alegria, né? O Quarteto também tem feito isso, nosso objetivo é esse: pregar o Evangelho através do louvor, transmitindo uma mensagem de paz, de alegria, de satisafação, isso é muito importante.

Guia-me: Como membros da Assembléia de Deus, vocês devem surpreender a própria denominação, que não conta com muitos quartetos.

Jabes (barítono): São dois impactos que temos notado. Primeiro de sermos assembleianos e cantar esse estilo. Geralmente o pessoal pensa que é batista, adventista. Não tem muitos quartetos na Assembléia, principalmente com esse estilo animado.

Outro impacto é o de sermos goianos, porque todo mundo acha que só tem dupla sertaneja em Goiás. E quando você fala: Mas são duas duplas cantando junto? (risos). Não, é um quarteto.

Por Adriana Amorim

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