CBT promete cenário 'utópico' para Rio 2016

CBT promete cenário 'utópico' para Rio 2016

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:15

Giancarlo Giampietro, especial para o iG

Com reforma de estatuto que permitiu sua reeleição, Jorge Lacerda anuncia projetos de CTs pensando nas Olimpíadas

A decisão de se convocar uma assembleia extraordinária, abrir caminho para a alteração de seus estatutos e antecipar o processo eleitoral em um ano, permitindo a renovação de seu mandato por aclamação neste domingo, foi um processo “lógico e inteligente” nas palavras o presidente reeleito da CBT (Confederação Brasileira de Tênis), Jorge Lacerda. Desta forma, o catarinense seguirá no comando da entidade até março de 2017.

Para o presidente, essa lógica é justificada pelo momento de muitas definições nos bastidores do tênis brasileiro à espera de um caminhão de investimentos de ordem pública ou privada com as Olimpíadas do Rio 2016 se aproximando. Uma gestão garantida até que se conclua o ciclo olímpico seria uma demonstração de confiabilidade para a captação de recursos no mercado.

 

 

Jorge Lacerda, presidente da Confederação Brasileira de Tênis, que alterou o estatuto da entidade e ficará no cargo até 2017

Foto: AE

 

“Tivemos uma chapa única, que contou com o apoio de 25 federações. Seguimos o entendimento de nossa assembleia, numa movimentação que ocorre hoje pensando em 2016 e é algo que está acontecendo na maioria das confederações, de renovação dos mandatos, para dar mais tranquilidade para negociações”, afirmou Lacerda, que assumiu a confederação em dezembro de 2004

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“A primeira condição que toda empresa faz hoje é que ela quer assinar até 2016, e as garantias de contrato no esporte podem mudar, infelizmente, a cada presidente. Acredito que foi uma situação lógica e inteligente. A assembleia percebeu isso e se antecipou, antes que houvesse qualquer tipo de problema”, afirmou o mandatário.

Lacerda se apoia na eleição por unanimidade e também pelas relação cada vez mais estreita com os Correios, patrocinador da entidade que vem intensificando o investimento na modalidade, e com o Ministério do Esporte. “Se todo mundo está favorável, o colégio eleitoral, o Comitê Olímpico Brasileiro, o Ministério, os jogadores e treinadores, então a reeleição era natural”, disse.

Cenário utópico Em coletiva para discutir sua reeleição, Lacerda estava acompanhado por um representante da estatal e pelo secretário nacional do Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser. Juntos, eles anunciaram um projeto de criação e desenvolvimento de  "12 a 14" centros de treinamento espalhados pelo país, aproveitando trabalhos que já estejam em atividade. Esse plano, porém, ainda não tem orçamento previsto e ainda precisa ser elaborado de modo oficial. “Para o investimento que vamos fazer, temos privilegiado o apoio de núcleos que já estejam em atividade e na recuperação de equipamentos que existam, afirmou Leyser. "Vamos formular o projeto rapidamente, disse Lacerda.

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Para o capitão da equipe brasileira na Copa Davis, João Zwetsch, a possibilidade de implantação de um programa desses seria algo sem precedência no país, que sempre trabalhou com equipes dispersas pelo território, sem uma unidade. “Sou de uma geração em que tudo isso não passava de uma utopia. Sempre foi uma coisa que era um sonho, e hoje temos uma grande responsabilidade de realizá-lo.”

Ainda não está claro, porém, se cada um desses centros de treinamento teria a autonomia de trabalho e em que medida seus coordenadores responderiam pelos investimentos públicos realizados. “Temos de ser cobrados”, disse Lacerda. “Por mais que pensemos em 2016, não se pode esquecer dos resultados de agora.”

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O tenista Bruno Soares, brasileiro mais bem ranqueado na atualidade – o número 19 entre os duplistas –, seguiu a linha de união pelo tênis, afirmando que estes seriam novos tempos também. “Antes a gente tinha essa coisa de competição, mas agora está trabalhando como se fosse um só. Hoje temos a tranquilidade para organizar nossa vida. Anos atrás, cada um fazia o seu, sem muita direção.”

2016 é o fim? Lacerda afirma inicialmente que não tem intenção de presidir a CBT além das Olimpíadas de 2016. Mas também não cravou que não possa prorrogar sua gestão, dizendo que há muito o que acontecer até lá.

“Pegamos uma entidade que em 2005 tinha R$ 5 milhões de dívidas. Entramos e não havia faturamento nenhum, e eram 97 títulos protestados. Começamos a apagar o incêndio. Em 2008, com uma certa credibilidade, pudemos trazer os Correios. Hoje a CBT não deve nada para ninguém e tem um orçamento de R$ 24 milhões para este ano”, disse o dirigente.

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Segundo o presidente da federação do Mato Grosso, José Pareja Júnior, o colégio eleitoral entende esse questionamento sobre continuísmo. “Estamos atentos a isso. Não é que não exista contestação, mas, se entendemos que o trabalho é bem feito, por que, então, trocar o Jorge simplesmente por trocar? Em 2016, muitos presidentes de hoje não estarão mais, e tudo que está sendo feito precisa ser avaliado com frieza. Tem mais alguém com competência para fazer isso? Existe, ninguém é insubstituível. Mas não seria inteligente de nossa parte de correr o risco de o tênis perder o rumo.”

O rumo do tênis nacional, por enquanto, vai com Lacerda. “Quanto a alteração de estatuto, qualquer entidade, independentemente de sua finalidade, pode alterar a qualquer momento”, disse o presidente. “Meu objetivo é permanecer até a Olimpíada, e nossa mudança foi pensando nisso.”


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