O mapa do futebol de São Paulo inicia esta nova década com um desenho diferente, mais descentralizado. O Campeonato Paulista que começa neste sábado é o primeiro, desde 1996, que terá seis equipes de cidades que estão além do raio de 200 quilômetros da capital do Estado --na temporada passada, a mudança do Barueri para Presidente Prudente só foi oficializada no meio da disputa.
Neste ano, Linense e Noroeste se juntam a Mirassol, Oeste, Botafogo e Prudente para confirmar uma tendência que ressurgiu a partir da metade dos anos 2000.
Entre 1996 e 2005, o Paulista foi dominado por times da Grande São Paulo, Santos e região de Campinas.
A partir de então, uma nova geografia permitiu que clubes que nunca haviam disputado a primeira divisão aparecerem no lugar de times tradicionais do interior.
Na década passada, Sertãozinho, Rio Preto e Monte Azul, além de Mirassol e Oeste, estrearam na Série A-1. Já o Linense volta à primeira divisão depois de mais de cinco décadas.
Enquanto isso, clubes mais tradicionais do interior amargarão outra temporada em divisões de acesso. Campeã em 1986, a Internacional de Limeira disputará a Série A-3. Rio Branco e União São João, que viveram o auge nos anos 1990, estão na segunda divisão, assim como o Guarani, único campeão brasileiro do interior.
"Clubes mais próximos de São Paulo se perderam e abriram espaço", declarou o diretor do Oeste de Itápolis, Mauro Guerra.
"Essa distância nos atrapalha e cria dificuldades na hora de contratar", afirmou José Roberto de Souza, dirigente do Noroeste, que em 2010 disputou a Série A-2.
"Mas temos uma boa estrutura e pagamos em dia, e isso compensa um pouco", disse o cartola de Bauru.
A descentralização implicará em maior rodagem aos principais clubes do Estado. O Corinthians, por exemplo, terá de se deslocar, em média, 200 quilômetros a cada jogo em que atuará como visitante --52% mais do que no primeiro Paulista da década passada, em 2001.
O maior campeão do Paulista jogará, na primeira fase, oito vezes longe da capital.
GRANDES RECLAMAM Para os clubes grandes, o Paulista virou motivo de reclamação, devido ao excesso de jogos e à disputa simultânea de torneios. "Os Estaduais são muito longos", disse Adilson Batista, técnico do Santos.
Quem chegar à final jogará 23 jogos, em meio a disputas da Libertadores (que começa no fim do mês) e da Copa do Brasil (com início em fevereiro).
"Poderiam reduzir jogos neste começo de ano, inclusive do Paulista", disse o técnico são-paulino, Paulo César Carpegiani, repetindo as reclamações dos demais grandes.