Emerson Sheik chega a julgamento como réu e sai admirado pelo STJD

Auditor agradece por título do Corinthians a Sheik, que tem personalidade enaltecida por aqueles que analisaram suas críticas à CBF

Fonte: Globoesporte.comAtualizado: terça-feira, 30 de setembro de 2014 às 13:32
Emerson Sheik é sabatinado por auditores do STJD em sessão na última segunda-feira
Emerson Sheik é sabatinado por auditores do STJD em sessão na última segunda-feira

Emerson esteve no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) na tarde da última segunda-feira para sentar no que é uma espécie de banco dos réus. Mas apesar de ter saído com uma pena de quatro jogos de suspensão (um deles já cumprido), pode-se dizer que o atacante passou longe de ser condenado. A maior parte dos auditores da Primeira Comissão Disciplinares, que analisou a declaração “CBF, você é uma vergonha”, dirigida a uma câmera de televisão, mostrou admiração pela atitude do jogador, que foi punido somente por ofensas ao árbitro após a derrota do Botafogo por 3 a 2 para o Bahia.

Ao fim das quase duas horas de julgamento, o auditor Vinícius de Sá Vieira se permitiu deixar aflorar o lado fã. Ele se dirigiu a Emerson e colocou a mão no seu ombro enquanto agradecia pelo título da Libertadores conquistado com o Corinthians, em 2012. Alguns minutos antes, ele votou pela absolvição do Sheik em relação à acusação originada no desabafo à beira do gramado do Maracanã. Mas seguiu a maioria ao pedir quatro partidas de suspensão (pena mínima) pelas ofensas do atacante ao árbitro.

Outro que não escondeu sua admiração por Emerson foi o auditor Washington Rodrigues de Oliveira. Antes de proferir seu voto pedindo somente duas partidas de suspensão pelas ofensas ao árbitro e absolvição pelas palavras contra a CBF, o integrante da Primeira Comissão Disciplinar do STJD discorreu brevemente sobre as atitudes do atacante. Citou, mesmo de forma superficial, a foto publicada por Sheik numa rede social na qual dava um “selinho” num amigo, que fez Emerson responder a provocações fazendo uma espécie de combate à homofobia. Em seguida, mostrou que o protesto solitário do jogador contra a arbitragem deveria ser respeitado.

- Ele é polêmico, mas diz o que pensa - resumiu ele, em sua explanação.

Relator do processo, Felipe Bevilacqua foi duro ao pedir a suspensão de Sheik por quatro partidas pela forma como se dirigiu ao árbitro ao ser expulso. Mas ao votar pela absolvição ao tratar da crítica à CBF, argumentou que o episódio teve proporção aumentada pelo simples fato de o protagonista ser Emerson.

- A repercussão se deu pelo personagem que o atleta é. Tanto é que depois um atleta do Vitória (Richarlyson) disse o mesmo, mas não teve tanta repercussão - exemplificou.

Ao fim do julgamento, Emerson mostrou que o respeito era recíproco. O atacante admitiu o temor pela punição por seu desabafo. Mas apesar de decepcionado com a pena de quatro partidas de suspensão, se disse satisfeito pela compreensão daqueles que o julgaram pelo protesto contra a arbitragem brasileira. E desconversou ao comentar os elogios e as demonstrações de admiração por parte dos auditores.

- Prefiro falar de um modo geral em relação àqueles que participaram do julgamento. Não quero discutir a punição. Todos eles têm o meu respeito. Fiquei extremamente satisfeito com tamanha seriedade com a qual trataram o assunto e por preservarem a democracia. Eles deram um grande passo e mostraram que esse órgão deve ser respeitado - disse Emerson.

 

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