Estudantes do curso de obstetrícia da USP Leste fizeram um protesto no vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo), na manhã deste sábado, contra o possível fechamento do curso e sua fusão com o curso de enfermagem da USP.
Também participaram do ato mães e representantes de ONGs, num total de aproximadamente 200 manifestantes, que aproveitaram para defender a disseminação do parto normal no Brasil. Cerca de 15 mulheres tiraram a blusa e pintaram os seios para chamar a atenção dos que passavam pelo local.
Segundo a CET (Companhia de Engenharia Tráfego), não houve registro de interrupção do tráfego na avenida Paulista durante o protesto, que terminou por volta das 12h.
O curso de obstetrícia da USP Leste, que oferece 60 vagas anuais e já formou duas turmas, corre o risco, segundo os manifestantes, de não ter mais vagas abertas já no próximo vestibular.
RELATÓRIO
De acordo com a assessoria da USP, os alunos estão alarmados porque um relatório preliminar de avaliação dos dez cursos da USP Leste, feito por um grupo de trabalho a pedido da direção da unidade, propõe a diminuição do número de vagas de vários cursos e a não abertura de vagas para o curso de obstetrícia já no próximo ano.
Esse relatório, que teria vazado, apontaria ainda para a fusão do curso de obstetrícia com o curso de enfermagem --o que os estudantes são contra.
Segundo a assessoria da USP, contudo, uma mudança como essa tem de passar por pelo menos dois órgãos colegiados da instituição, o Conselho de Graduação e o Conselho Universitário --órgão máximo de deliberação da universidade.
Esse relatório diz que a USP Leste deveria diminuir em 330 o número total de vagas em seus dez cursos.
A assessoria da universidade diz que a diminuição de vagas no curso de obstetrícia e sua possível fusão, no futuro, com o curso de enfermagem, está relacionada mais às dificuldades que os profissionais egressos têm encontrado para conseguir registro no Cofen (Conselho Federal de Enfermagem) e no Coren (Conselho Regional de Enfermagem) do que com a estrutura da unidade.
Já a coordenadora do curso, Nádia Zanon, 55, afirma que a instituição tem sofrido pressão do Cofen e, para tentar manter o curso, a reitoria teria cogitado suspender o próximo processo seletivo para demonstrar boa vontade.
"Suspender o vestibular não é favorecer a negociação, mas sim o começo do fim", diz.
A reportagem não conseguiu falar neste sábado com o diretor da USP Leste que solicitou a realização do relatório, José Jorge Boueri Filho.
Na segunda-feira passada (21), a pró-reitora de graduação da USP, Telma Zorn, reuniu-se com professores para discutir a situação do curso. "A principal preocupação é com os egressos e com os alunos que estão cursando obstetrícia. Se for necessária outra reformulação do curso, ela será feita", afirmou a pró-reitora, segundo o site da instituição.
Na próxima segunda-feira (28) haverá uma reunião de esclarecimento com todos os alunos e egressos do curso de obstetrícia às 14h, na sede do Coren-SP (Conselho Regional de Enfermagem). Também haverá uma paralisação das atividades no dia 7 de abril. A decisão final deve sair até maio. Folha.Com