Após a prisão de um grupo suspeito de agiotagem no Rio de Janeiro, uma mulher, vítima da quadrilha, disse na quinta-feira (27), que descobriu que a promessa de empréstimo fácil era uma armadilha. Segundo a polícia, a quadrilha mantinha mais de 40 escritórios.
Eu já paguei quase quatro vezes ou quatro vezes o valor que peguei e ainda estou devedora. É um buraco negro, disse a vítima, cuja identidade foi preservada.
A Operação Shylock , da Polícia Civil, prendeu, nesta quinta-feira, 15 suspeitos , sendo três em flagrante, na capital, Região Metropolitana e na Baixada Fluminense. Entre os presos estão o chefe da quadrilha, seu braço direito, dois policiais militares, sendo que um deles fazia a segurança da chefia do grupo, além de funcionários e cobradores.
O lucro, conseguido à base de ameaças, chegava a R$ 3 milhões por mês, segundo a polícia. Em cinco anos, o esquema enriqueceu o homem apontado como chefe do grupo. Ele foi o primeiro a ser preso. No apartamento dele, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, os policiais encontraram cheques assinados em branco e R$ 40 mil numa gaveta.
Durante uma busca mais apurada, os policiais descobriram, ainda, que havia muito mais dinheiro embaixo do colchão. No fundo falso da cama havia R$ 3 milhões. Suspeito criou rap para ameaçar vítimas
Escutas gravadas com autorização da Justiça revelam como uma quadrilha de agiotagem ameaçava e cobrava devedores no Rio. Numa delas, um suspeito chegou a criar uma letra de música para botar medo nos clientes.
Suspeito: Pegou tem que pagar senão o bonde brota, nunca confunde idiota com agiota.
Quem canta o rap é um homem apontado pela polícia como um dos cobradores. Quem atrasava o pagamento era intimidado com ameaças.
Suspeito: Fica de gracinha, pego seu filho e arrebento seu filho!
Em outra ligação, ele fala com um integrante do quadrilha que vai até a casa da vítima.
Suspeito: Se dia 20 ela não aparecer, você não vai a pé não. Nós vamos mandar uma caminhonete tomar tudo, tudo o que essa mulher tem de valor. E se nada me interessar nessa p... também, vou tacar logo fogo na p... desse barraco aí.
Os agiotas cobravam juros de 48% ao mês. Como mostram as escutas:
Cobrador 1: 107.50, vezes dois, mais 48%.
Cobrador 2: Trezentos e dezoito ponto vinte.
Cobrador 1: Recebe dela aí R$ 320.