A estudante de 14 anos de Santos, no litoral de São Paulo, cuja mochila explodiu na Escola Municipal Dom Pedro II na segunda-feira (18), disse que está com medo de voltar a estudar. Uma colega da menina colocou uma pequena bomba na sua mochila durante o intervalo entre as aulas. Não sei se vou superar o medo de ir para a escola, mesmo que seja outra. E se tentarem fazer isso comigo novamente?, questionou.
Segundo a mãe da jovem, Nanci Vieira, a filha não voltou à escola desde a segunda-feira, dia do incidente. Estamos tentando conseguir uma vaga em outro lugar, pois ela está com medo, disse. Segundo Nanci, a decisão também partiu dela e do marido. A menina que fez isso continua lá [na escola]. Mudaram ela de período, mas para mim não adianta nada, pois o problema continua, só que em horário diferente.
Provocação
Segundo a estudante, a aluna que colocou o explosivo em sua mochila já a estava provocando antes do incidente. Ela estava jogando coisa em mim, bolinha de papel, contou. Ela também disse que um estojo de maquiagem da aluna tinha sumido naquele dia, e que ela ameaçou explodir a escola caso ele não aparecesse. Para a estudante, a colega colocou a bomba em sua mochila durante o intervalo entre as aulas. Ela contou que outro colega que foi lhe avisar que sua mochila tinha explodido dentro da sala.
Nanci disse que a filha já reclamava da colega há algum tempo. Ela sempre comentou que a menina era difícil, que se mantinha como uma chefe de gangue na sala. Os professores também sempre reclamaram, comentou. Em nota, a Secretaria de Ensino (Seduc) de Santos afirmou que a aluna que colocou a bomba na mochila foi transferida de classe e de período. O órgão confirmou que a estudante tem histórico de mau comportamento e já recebe orientação pedagógica.
Segundo a escola, o caso e as denúncias de roubo já estão sendo investigadas (Foto: Reprodução/TV Globo)
Problemas na escola
Segundo Nanci, a filha já queria sair da escola mesmo antes do incidente. Ela comentava que lá é muito desorganizado e que as coisas costumam sumir, mesmo quando estão dentro das mochilas, disse. A estudante ia sair da instituição apenas no final do ano, mas a decisão foi antecipada pela família por causa da explosão da bomba.
A estudante reclamou que seu estudo foi afetado pelo ambiente da escola. Não tenho mais vontade de estudar por causa da brigas, dos roubos, fico desanimada. A escola deveria ser um lugar de estudar, não de acontecer coisas do tipo. A gente perde a confiança. Segundo ela, seus outros colegas de sala também estão com medo. Para a jovem, a maioria ainda não saiu por causa da dificuldade de encontrar vaga em outra escola. É difícil, tinha que ter vaga para todo mundo. Mas vou conseguir encontrar uma para mim, estamos procurando e tentando, disse.
Investigações
A Seduc esclareceu que não tem como checar o que os alunos levam dentro das mochilas para as escolas e pediu a colaboração dos pais. Quanto às denúncias de furto e consumo de drogas dentro da instituição, a escola informou que vai tomar as providências cabíveis e checar os fatos.
A Delegacia da Infância e da Juventude de Santos investiga o caso. A mochila foi encaminhada ao Instituto de Criminalística para análise.