No Rio Grande do Norte, homem apanha após 'mal entendido' na Grande Natal

Segundo a PM, homem estava embriagado e abordou mulher numa parada. Ela reagiu e ele foi espancado por moradores que acreditaram ser assalto.

Fonte: Globo.comAtualizado: sexta-feira, 3 de outubro de 2014 às 12:28
Homem foi amarrado em meio ao canteiro central da Avenida Abel Cabral, no bairro de Nova Parnamirim
Homem foi amarrado em meio ao canteiro central da Avenida Abel Cabral, no bairro de Nova Parnamirim

Após tentar puxar conversa com uma mulher numa parada de ônibus na manhã desta sexta-feira (3) em Nova Parnamirim, na Grande Natal, um homem embriagado foi confundido com um assaltante. Rendido por moradores da região, ele foi amarrado e levou uma surra até a chegada da polícia. "Ela se agarrou com ele. Os dois caíram no chão e a população correu para socorrê-la", disse uma testemunha que pediu para não ser identificada.

Segundo o tenente Faustino Júnior, oficial de operações do 3º Batalhão da PM, o homem estava bêbado e encostou na parada de ônibus para conversar com a vítima. "Foi tudo um mal entendido, um engano. Confundiram ele com um ladrão", afirmou.

Abalada, a mulher não quis falar sobre o ocorrido. No vídeo ao lado, gravado pela reportagem do G1, o suspeito já aparece amarrado em meio ao canteiro central da Avenida Abel Cabral, uma das mais movimentadas da região. O homem tem as mãos e os pés atados com cordas. Um dos moradores joga areia e dá chutes na cabeça dele.

Com a chegada da guarnição, o homem foi desamarrado e levado pelo Samu para ser atendido no Hospital Regional Deoclécio Marques. A moto que estava com ele, que não possui queixa de roubo, foi levada para a Delegacia de Plantão da Zona Sul de Natal.

Linchamentos no RN
Em infográfico publicado no início de julho deste anos, o G1 fez um levantamento sobre casos em que cidadãos cometeram crimes ao tentar fazer justiça com as próprias mãos. Com cinco casos, o
 
Rio Grande do Norte
aparece como o terceiro estado com mais linchamentos noticiados neste ano, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.
Na ocasião, o promotor de Justiça de investigações criminais, Wendell Beetoven Ribeiro Agra, disse que a situação é preocupante. Ele acredita que a descrença na justiça criminal levou ao ponto atual.
 
"Como as pessoas desacreditam, elas passam a fazer justiça com as próprias mãos, o que é uma forma totalmente ilegítima de aplicação de punição. O cidadão age quando o Estado falha", opina. "Não acredito em soluções miraculosas com criação de divisões especiais para investigar crimes. Falta só o feijão com arroz, as delegacias de bairro investigarem", acrescenta o promotor.

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