"O Mestre do Ar" é um bom filme, como costumam ser os de M. Night Shyamalan, ao menos para mim, que o tenho na conta de um dos autores mais interessantes do cinema, hoje em dia.
Ele desafia o ritmo frenético habitual aos blockbusters contrapondo-lhes uma sóbria meditação, o mistério do mundo, eventualmente o terror.
"O Mestre do Ar" concede à ação, claro, e não faltam cenas de batalha, de kung fu, etc.
Mas no centro está o Avatar, o iluminado, o mestre do ar. E tudo que o envolve diz respeito à meditação, à busca de um conhecimento espiritual de que não dispõe: é preciso que penetre em determinados segredos para cumprir a missão que tem.
O problema é que, um século atrás, o Avatar (que é uma espécie de Dalai Lama com poderes sobre os quatro elementos que, por coincidência, constituem as quatro nações desse tempo (tempo nenhum, tempo de fantasia).
Ele é, portanto, aquele a quem cabe preservar o equilíbrio universal.
Mas sobre sua cabeça pesa o fato de ter fugido ao seu destino. O destino de seus pais espirituais.
Porque tudo no filme diz respeito aos pais, à herança, à necessidade de ser digno dela.
O passado é um peso nas costas de cada personagem, cada um à sua maneira, na medida em que há contas a acertar com ele.
Sempre há.
Um belo filme, porque os gestos meditativos exploram bem a profundidade do 3D, dão-lhe tempo e sentimento.
Embora o 3D deixe a imagem um tanto escura (talvez seja um defeito do cinema onde vi o filme, não sei).