O Xperia T2 Ultra Dual é tão grande quanto seu nome sugere. O smartphone Android - que, na verdade, cai na categoria de foblet - é a grande aposta da Sony para uma parcela de usuários bastante características: aqueles que querem telas grandes sem pagar preços absurdos por isso. Afinal, por suas especificações, o T2 Ultra cairia na faixa de celulares intermediários, com o extra de ser dual-chip. Confira no review preparado pelo TechTudo tudo sobre essa novidade da Sony.
Design
O Xperia T2 Ultra é um dispositivo grande… Muito grande. Como foblet, ele tem um tamanho intermediário entre um smartphone convencional e um tablet e, por isso, não é o tipo de aparelho para todo mundo. Você até consegue segurá-lo com uma das mãos, mas não há milagre que permita alcançar só com ela toda a extensão da tela. A boa notícia é que ele é um ótimo tudo-em-um, e substitui bastante bem o uso do tablet no dia a dia, por exemplo.
Justamente por causa do tamanho, o T2 Ultra é ligeiramente desconfortável de ser usado. Por vezes, ele gera uma certa sensação de insegurança, como se estivesse sempre quase escorregando das mãos. Falando em segurança, tome nota: o dispositivo é para quem não se incomoda de chamar atenção ao atender o celular na rua. Acredite, o T2 Ultra é tudo menos discreto nesse quesito.
Bem, retornemos ao design: grande, meio desajeitado… Mas elegante. Testamos a versão em preto, que conta com detalhes, tais como o botão de bloqueio e desbloqueio de tela, em prata. É, sem sombra de dúvida, um aparelho sóbrio. A falta de ousadia no design (ele segue a linha “retangulão”, com bordas ligeiramente curvadas) é equilibrada pelo resultado.
A Sony até encontrou algumas soluções interessantes para lidar com o tamanho do aparelho. Todos os botões físicos, por exemplo, estão localizados no canto direito, na parte inferior. Isso significa que eles podem ser facilmente alcançados quando você usa o smart com apenas uma das mãos, o que é um belo facilitador. E são três deles: o supracitado de bloqueio e desbloqueio de tela, o de volume e um dedicado à câmera.
As entradas para fone de ouvido e microUSB (através da qual o foblet é carregado) ficam na parte superior, assim como as entradas para os dois chips de operadoras e o cartão microSD para expandir a memória interna do aparelho. Os dois últimos, porém, são protegidos por também duas tampinhas plásticas para lá de frágeis. Levando-se em conta, porém, de que são poucos os usuários que usam mais de dois chips e precisam trocá-los com frequência, é bastante provável que elas sobrevivam até ao dono mais bruto, mesmo que seja só pela falta de uso.
Para finalizar o tópico do design, há um ponto que merece atenção: o material com o qual a traseira foi construída: plástico. O problema não é o plástico em si, entenda, mas a “queda de nível” em relação ao irmão mais valorizado da linha, o Xperia Z2. O top de linha da Sony conta com vidro temperado na traseira, assim como o seu predecessor, o Xperia Z1.
O lado positivo é que o plástico dificilmente quebrará após uma queda. A má notícia é que o plástico aplicado pela Sony arranha e engordura com uma facilidade absurda, dando um aspecto quase que permanentemente sujo ao foblet. A parte frontal, se serve de consolo, é exatamente o que poderíamos esperar de um smartphone com selo Sony de qualidade.
Desempenho
O T2 Ultra não é nenhum top de linha, mas não fez feio. Testamos o aparelho rodando vários apps ao mesmo tempo, executando vídeos via streaming, em programas como YouTube e Netflix, e fizemos a prova máxima em games como Asphalt 8, um título de corrida com gráficos tridimensionais. Ele se saiu relativamente bem em todas as provas.
Notamos leves engasgos na transição de algumas animações do Android, especialmente após ocupar parte da memória com a instalação de aplicativos. Ao sair de um app rodando em tela cheia e voltar à tela inicial, por exemplo, o T2 Ultra teve uma certa dificuldade para carregar os ícones dos programas de uma só vez. Isso não significa, porém, que ele seja um smartphone ruim. Para executar tarefas diárias - várias delas -, abrir um punhado de apps ao mesmo tempo e até executar jogos, ele dá conta do recado.
O foblet intermediário da Sony tem… Hardware intermediário. O processador até é um quad-core da Qualcomm de 1,4 GHz, mas a Sony optou por economizar e colocar apenas 1 GB de RAM no interior do celular. A capacidade de armazenamento interno pode ser decepcionante, mas felizmente a Sony contornou o caso com uma entrada de microSD. São 8 GB internos, com a possibilidade de expansão com até mais 32 GB. Abaixo, você confere o resultado de testes de desempenho, executados com os aplicativos AnTuTu e 3DMark, respectivamente. Neles, é possível comparar quais aparelhos mais se assemelham ao desempenho do novato da Sony.
Em relação às conectividade, uma bola fora da Sony: nada de 4G. De resto, o T2 Ultra faz um bom trabalho. Além da entrada microSD, temos a capacidade de usar dois chips de operadoras ao mesmo tempo, Bluetooth, GPS, NFC e rádio FM. Ficou faltando também a TV digital, que é bem popular no Brasil, mas nada influencie na nota final do foblet.
Por fim, é importante citar o alto-falante do T2 Ultra, que ocupa um espaço generoso na traseira. Sem os fones de ouvido, a qualidade do som é boa, inclusive no volume alcançado.
A Sony também teve erros e acertos no Android aplicado no T2 Ultra Dual. Com erros, na verdade, falamos de um só: o smart vem de fábrica dom o Android 4.3, ainda o Jelly Bean. O KitKat, versão final mais atual do sistema, embora tenha sido anunciado há cerca de um ano, ficou de fora. Apesar disso, a personalização que a fabricante fez no sistema do Google merece aplausos.
O “Android da Sony” não é dos mais pesados, nem é cheio de firulas. Embora a experiência de uso seja diferente da do Android puro, ela não descaracteriza tanto o sistema como faz a Samsung ou, para usar um exemplo mais extremista, a Nokia com seu Nokia X.
Há nela adições essenciais para o uso do foblet. É possível, por exemplo, configurar com apenas dois toques o teclado virtual para que ele possa ser usado com uma só mão. A solução serve tanto para destros quanto para canhotos, bastando escolher em que canto o teclado será “espremido”. Todavia, a melhor experiência de digitação ainda está em usar o teclado da forma convencional: as 6 polegadas dão espaço para que as teclas tenham uma distância confortável uma das outras, o que diminui o índice de erros de digitação.
Outras soluções da Sony, presentes também em alguns smartphones da linha Xperia, merecem nota. Uma delas é a barra de notificações, que pode ser aberta com dois toques consecutivos no ícone home, um dos três botões virtuais de controle do Android que ficam na tela. O comando faz com que a barra desça e cole todas as notificações e ícones na parte inferior da tela o que, mais uma vez, é ótimo para quem quer usar o smart com uma só mão.
A janela de gerenciamento de programas abertos, aberta pelo ícone da “janelinha” dos botões do Android (o localizado à direita) tem também um extra no estilo acesso rápido. Você pode configurar os atalhos de aplicativos listados na parte inferior. Por padrão, temos por lá apps como a calculadora e o gravador que, quando acessados, abrem num estilo “janela do Windows”. Assim, você pode fazer uma conta rápida, por exemplo, sem precisar se dar ao trabalho de abrir a calculadora em tela cheia.
Além dela, há a aba de acesso rápido do menu de aplicativos, que pode ser aberta com um deslizar da esquerda para a direita na primeira página de apps. Nela, é possível buscar diretamente por um app específico ou criar pastas de programas favoritos, um baita facilitador para os maníacos do Google Play.
A bateria do T2 Ultra não nos deixou na mão. São graúdos 3.000 mAh, suficientes para aguentar o tranco da tela de 6 polegadas e de todo o resto por um dia com enorme tranquilidade. Com uso moderado, ativo no Wi-Fi e 3G durante todo o dia, checando redes sociais e e-mails, ouvindo música e clicando uma dúzia de fotos no meio tempo, conseguimos chegar a um dia e oito horas longe da tomada. Isso sem entrar no modo Stamina, uma espécie de turbo de bateria da Sony para momentos de necessidade.
Tela
A tela do T2 Ultra foi o ponto mais ambíguo dos nossos testes. Primeiro porque, de acordo com as especificações divulgadas pela própria fabricante, ela é espetacular. Afinal, estamos falando de um display de generosas 6 polegadas com tecnologia Triluminos (a mesma já usada em televisores Bravia da marca). Ao vivo, devemos dizer que ela não é o que esperávamos.
Vamos lá: a tela não é ruim, longe disso. Ela só não é “tudo isso”, ao menos na nossa experiência de uso. Um dos fatores é a resolução HD (720 x 1280 pixels): é mais do que suficiente para a maioria dos smartphones, mas uma telona de 6 polegadas mereceria mais. É possível enxergar os pixels nas arestas dos ícones de aplicativos, por exemplo.
Isso deixa o aparelho atrás de outros foblets do mercado, que carregam uma resolução Full HD - e aqui falamos, especialmente, do Galaxy Note 3, da Samsung. Lembre-se, no entanto, que o T2 Ultra nunca se prestou a ser um competidor direto do Note, nem nas especificações, nem no preço. Por isso, talvez faça mais sentido compará-lo ao popular Galaxy Gran Duos, que fica bem atrás do Xperia.
As cores e o contraste da tela são satisfatórios, embora o brilho possa deixar o usuário na mão sob luz intensa do sol, como acontece com a maioria dos celulares. O ângulo de visão é impecável: é possível que mais de uma pessoas assista a um vídeo sem que nenhuma delas tenha uma visão prejudicada do que acontece.
Câmera
Embora carregue um sensor de 13 megapixels, a experiência de tirar fotos com o T2 Ultra foi decepcionante. Sob a luz do sol, a câmera até se saiu bem; foi quando colocada em condições menos favoráveis que ela nos deixou na mão.
O clique é demorado e faz com que o usuário perca bons momentos. Além disso, quando no modo automático, o foco nem sempre acerta, o que às vezes gera imagens completamente embaçadas. Por sorte, há a opção de selecionar o foco ao tocar na tela; descobrimos que é melhor deixar o botão dedicado à câmera de lado caso quiséssemos fotografias satisfatórias.
Em ambientes pouco iluminados, é difícil conseguir fotografias bacanas. A baixa luminosidade tende a jogar o ISO lá para alto, e isso deixa com duas saídas: ou fotos desfocadas ou fotos granuladas. Abaixo, duas imagens feitas no modo automático. A primeira, em ambiente interno no fim da tarde e a segunda em externo, à noite.
A câmera frontal também não é grande coisa. O sensor tem resolução de 1,1 megapixel, o que suficiente para uma videochamada de baixa qualidade ou um selfie muito ruim. Não exija muito dela.
Custo-benefício
Com preço médio de R$ 1.100, o Xperia T2 Ultra Dual tem ótimo custo-benefício. Ele conta com vantagens indiscutíveis, a exemplo da tela grande, da entrada para cartão microSD, bateria de boa duração e por ser dual-chip. Em relação ao desempenho, é possível encontrar mais por menos. Aparelhos intermediários como o Moto G fazem bonito e custam, em média, R$ 600.
Apesar disso, na categoria de foblets, ele é um dos campeões de custo-benefício. Trata-se do aparelho ideal para quem ama telas grandes, mas não quer desembolsar o valor de um Galaxy Note por isso.