A minha história na UFPR pode ser contada de diversas formas. Assim como a história da Federal pôde ser apreendida por mim de formas diversas.
Não sei se fui eu quem entrou nesta instituição; se foi a Universidade que tomou a iniciativa; ou algo que está ''para além'' da minha percepção.
Hum... ''Fale mais sobre isso''.
Para quem sonhou fundir a fé e a ciência se viu acordado na possibilidade de aliar ambas na produção e promoção do saber de cada contexto sem perder sua identidade própria.
Universidade é a unidade na diversidade; é um universo que cabe dentro da cidade; é o uno que versa não obstante a idade.
E, por trás das seis colunas mais imponentes de Curitiba esconde um mundo que não se restringe ao tão badalado ''prédio histórico'' da Universidade Federal do Paraná.
Se de um lado as salas cujas paredes tão altas nos convidavam ao mundo etéreo do conhecimento, as carteiras nos prendiam literal e desconfortavelmente no terreno da abstração. Tão única quanto a UFPR é a sua história; tão singular que remonta aos idos de 1912, o que lhe ''confere o grau'' de a mais antiga universidade brasileira.
Os elevadores (ufa! que medo), como se sabe, são de uma época em que as pessoas não tinham pressa. A rigor, pressa é a disciplina não optativa que subjetivamente consta de nosso currículo. Afinal, o curso de 5 anos se estende por 10 semestres; o que significa aproximadamente 80 meses; o equivalente a 200 semanas letivas; isso é igual a cerca de 1000 dias de aula; os quais representam 5000 horas-aula...
(O cálculo, evidentemente, não é exato - minha ojeriza à Bioestatística corrobora este dado - mas, é conceitualmente fidedigno).
Os professores são verdadeiras lendas vivas - tanto aqueles que se imortalizaram por seus inesquecíveis clichês quanto os que nos conduziram para uma volta ao mundo em (quase) 80 meses, ou um pouco mais. Uma viagem sem retorno, obviamente; afinal jamais seremos os mesmos calouros ávidos por novidades e com um discurso bem surrado.
Nem só de professores vive um curso de psicologia - diria o mestre da retórica. Outros personagens são igualmente fundamentais. E nesse quesito a Regina é única, imprescindível. Atrevo-me a dizer que ela não merece esse cargo. É um pecado reduzi-la a isso (não fenomenologicamente, é claro). Dotada de um conhecimento peculiar dos meandros da práxis da psicologia acadêmica ela também é detentora de uma paciência que nem Freud ousaria explicar! Que os aplausos dos agora formados se propaguem num sincero reconhecimento a quem, pela singeleza, nos mostrou o que significa um verdadeiro reforço positivo.
No dirigível mais antigo da academia brasileira eu e meus colegas demos uma volta ao mundo do conhecimento filosófico, sobrevoando o inóspito terreno da psicologia e o fantástico mundo imponderável do psiquismo e saboreando o frescor do vento das amizades granjeadas. É bem verdade que muitos simplesmente abortaram a aventura por razões diversas, enquanto outros resolveram embarcar redesenhando a configuração de nossa turma.
Como toda a viagem tem o seu momento inesquecível, o meu foi quando decidi saltar do ''psico-dirigível''. Depois de sobrevoar os Alpes da Psicanálise, as campinas verdejantes do Behaviorismo, a imensidão gelada (com todo o respeito) da Sócio-Histórica, as florestas mistas da Gestalt, além de outras abordagens ''territoriais'', tomei fôlego para a ''redução'' a fim de atingir a ''essência'' do fenômeno e me lançar ao sabor do vento para pisar o solo da Fenomenologia.
E na arte da exploração teórica descobri que ''toda consciência é consciência de alguma coisa'' e que na minha senda acadêmica eu acabara de encontrar o sentido. O sentido que fez todo o sentido! - me perdoem a ''logoredundância''.
Eureka! Eu acabara de descobrir a Logoterapia.
Se em 2005 o então calouro sonhou em desbravar novos territórios do saber, em 2009 ele dormiu acadêmico para, em 2010, acordar psicólogo.
Neir Moreira é teólogo, pós-graduado em docência do Ensino Religioso pela Faculdade Batista, acadêmico em psicologia pela UFPR e pós-graduando em Educação.