Queixas frequentes na época da menopausa, como ondas súbitas de calor e suor (fogachos, como são conhecidos), alterações de humor e de sono, além da diminuição no desejo sexual, podem limitar a rotina diária da mulher.
A fase do climatério, quando a mulher começa a transição para um período não reprodutivo, faz com que alguns hormônios, como o estrogênio e a progesterona, diminuam bruscamente sua produção — ocasionando alterações corporais e psicológicas. A Terapia Hormonal (TH), indicada por especialista, pode auxiliar e diminuir os efeitos que a falta do hormônio natural acarreta.
Entretanto, a reposição de hormônios não é um termo exclusivo para o período da menopausa ou andropausa. De acordo com a endocrinologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia — Regional Paraná (SBEM-PR), Gleyne Lopes Kujew Biagini, a reposição cabe a todas as doenças da área endocrinológica.
”A TH é a administração de medicamentos com uma ou várias ações hormonais, com a função de restabelecer o equilíbrio do funcionamento do organismo. É indicado para homens, mulheres ou crianças, sempre que uma ou mais glândulas apresentam funções em desacordo com a harmonia sistêmica. As que possuem deficiência do hormônio do crescimento, por exemplo, ou pessoas que precisam repor a insulina no diabetes, também recebem reposição”, explica a médica.
O tratamento para mulheres no climatério consiste, na maioria das vezes, na reposição de estrogênio. Mulheres que tiveram infarto, doenças no fígado, câncer, derrame, tromboses ou mesmo as que tiveram a última menstruação há mais de sete anos, precisam de atenção especial, com avaliação multidisciplinar e acompanhamento frequente.
Já nos homens, a reposição é feita com testosterona e as restrições valem para aqueles que são portadores de tumores, obesos e sedentários. “Cada caso deve ser avaliado e estudado para que seja possível encontrar a melhor solução”, sinaliza Gleyne.
Uso e sintomas
Os hormônios podem ser administrados oralmente, na forma de comprimidos, em gel ou ainda com adesivos. “Especificamente no período de climatério, a melhor forma parece ser a tópica [gel e adesivo], mas depende de uma discussão aberta com o paciente”, ressalta a médica.
O tempo de uso depende da avaliação: o nível de deficiência e os benefícios da manutenção variam de paciente para paciente. Segundo a médica, não há idade ideal para começar o tratamento, mas, nas mulheres, é mais indicado é por volta dos 45 anos: “Não há comprovação científica de que a reposição hormonal após a menopausa prolongue a vida ou evite doenças.
Os sintomas que levam à perda da qualidade de vida nessa época são os determinantes para o início do tratamento”. Nos homens também não há restrição de idade — o que determina o início é o diagnóstico. “Se for detectada deficiência de hormônio aos 13 anos, por exemplo, essa é a idade que deve-se iniciar a TH”, completa Gleyne.
A determinação se há necessidade de reposição deve ser feita exclusivamente por um médico treinado na área de endocrinologia, seja um endocrinologista, urologista ou ginecologista. A avaliação do endocrinologista, entretanto, traz mais segurança ao paciente, visto que todas as glândulas do corpo serão avaliadas em conjunto.
A indicação da TH, seguindo doses adequadas, com uma análise individual e do histórico familiar, traz riscos mínimos de complicações. Além da TH, a prática de exercícios físicos, acompanhada por profissionais da área, também contribuem para uma qualidade de vida melhor nesta fase.