Coreia do Norte chantageia missionário, para que ele se cale sobre abusos na prisão

"Enquanto Kenneth Bae continuar com sua sua tagarelice, não vamos prosseguir com qualquer compromisso ou negociações com os Estados Unidos sobre a libertação de detentos americanos", informou o governo norte-coreano em um comunicado.

Fonte: Guiame, com informações do Christian TodayAtualizado: terça-feira, 21 de junho de 2016 às 12:07
Bae, um coreano-americano, foi o cidadão norte-americano que permaneceu mais tempo preso realizada na Coreia do Norte, desde a Guerra da Coreia. (Foto: NBC News)
Bae, um coreano-americano, foi o cidadão norte-americano que permaneceu mais tempo preso realizada na Coreia do Norte, desde a Guerra da Coreia. (Foto: NBC News)

O governo da Coreia do Norte exigiu que o ex-detento e missionário cristão Kenneth Bae pare de "tagarelar" sobre tempo que ele passou em uma prisão do país, avisando que se ele não o fizer, não vai mais negociar com os Estados Unidos sobre a situação de dois cidadãos americanos que ainda estão sob custódia norte-coreana.

"Enquanto Kenneth Bae continuar com sua sua tagarelice, não vamos prosseguir com qualquer compromisso ou negociações com os Estados Unidos sobre a libertação de detentos americanos, e certamente não haverá qualquer coisa como uma ação humanitária", disse a agência de notícias do governo, KCNA.

"Se Bae continuar, os criminosos norte-americanos detidos no nosso país poderão ficar em um estado lamentável e talvez nunca mais voltarão a colocar os pés em sua terra natal, mais uma vez", acrescentou.

Bae, um coreano-americano, foi o cidadão norte-americano que permaneceu mais tempo preso realizada na Coreia do Norte, desde a Guerra da Coreia. Ele estava administrando uma empresa de turismo legalizada na Coreia do Norte, quando foi condenado a trabalhos forçados por 15 anos, em abril de 2013. As acusações eram de que ele estava cometendo atos hostis contra o Estado e incentivando os cidadãos a trabalharem contra o governo.

Ele foi enviado para um campo de prisioneiros estrangeiros, onde cerca de 30 guardas vigiavam-no como seu único prisioneiro, mas foi liberto em novembro de 2014.


Testemunho

Keneth Bae lançou o livro "Não Esquecido" - que fala sobre suas experiências - e disse que ele foi acusado de tentar derrubar o governo norte-coreano por meio de seu culto cristão e por espalhar ideias ocidentais.

Criticado sobre seu histórico de direitos humanos durante anos, a Coreia do Norte fez uso dos americanos detidos no passado, para extrair visitas de alto nível dos Estados Unidos, com o qual não tem relações diplomáticas formais.

Pyongyang agora está mantendo presos, dois cidadãos norte-americanos e ambos foram condenados a trabalhos forçados.

Em março (2016), Otto Warmbier, um estudante de 21 anos da Universidade da Virginia, foi condenado a cumprir 15 anos de trabalhos forçados, por tentar "roubar um banner de propaganda", que leva o nome do ex-líder e ditador norte-coreano, Kim Jong Il.

Em abril (2016), um tribunal norte-coreano condenou o missionário coreano-americano Kim Dong Chul por crimes contra o Estado e o sentenciou a cumprir 10 anos de trabalhos forçados.

No ano passado, o missionário canadense Hyeon Soo Lim também foi condenado a trabalhos forçados, com uma sentença de prisão perpétua, por causa da acusação de subversão ao Estado norte-coreano.

A Coreia do Norte tem sido constantemente chamada de o "pior país do mundo para se viver como um cristão". Sob a atual ditadura de Kim Jong-un, o governo mantém controle absoluto por meio da repressão sistemática dos seus cidadãos.

De acordo com a missão internacional 'Ajuda à Igreja que Sofre', da população cristã da Coreia do Norte (400.000 a 500.000, atualmente), acredita-se que pelo menos 50.000 estejam sendo mantidas em campos de trabalhos forçados, enquanto dezenas de milhares de cidadãos, incluindo muitos cristãos, acabaram desertando para países como a vizinha Coreia do Sul, China, Mongólia e Rússia.

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